Vivem-se dias de tensão no QG da presidenta Dilma Rousseff. Uma reunião com todos os ministros foi convocada às pressas para irradiar boas-novas sobre a economia. Cresceu no mercado a desconfiança de que as coisas podem desandar nessa área, na eventualidade de um segundo mandato, e o governo quer frear a escalada desses rumores lançando uma contraofensiva de medidas. De saída a emenda foi pior que o soneto. A elevação do valor do Bolsa Família e a correção da tabela do IR soaram como políticas populistas e eleitoreiras. Mesmo intramuros do Planalto a revisão para cima do IR já é tida como um erro, uma vez que a discussão do tema no Congresso poderá desgastar ainda mais a imagem da presidenta. A oposição resolveu entrar com representação no TSE pedindo multa por propaganda antecipada. As decisões oficiais, em ritmo de corrida presidencial, parecem obedecer, todas elas, a um mesmo figurino de paliativos e agrados aqui e ali sem qualquer compromisso com o longo prazo. Os ajustes necessários ao País que fiquem para depois! A improvisação, recorrendo a artifícios contábeis, virou tônica e a conta, inevitavelmente alta, está sendo empurrada para mais adiante. De preferência para depois das eleições. Perdida nesse caldeirão de equívocos e no afã de frear o desgaste medido nas pesquisas, Dilma decidiu tomar as rédeas da campanha e voltou a ocupar canais de rádio e televisão, falando como candidata, para promover “realizações” e lançar promessas. Não convenceu. Sua tática de exaltar melhorias que não se confirmam na prática – como a do “crescimento com estabilidade” e a do “controle rigoroso da inflação” – só aumentou a turba de insatisfeitos com a sua gestão. Os escândalos sobre estatais, que não saem do noticiário, têm provocado um peso extra a derrubar o prestígio da presidenta. O mentor e padrinho político, Lula, com o objetivo de afastar a onda de apelos por sua volta, tratou de relançar antecipadamente o nome dela à reeleição em encontro com mais de 800 delegados do PT dias atrás. A militância hesita. A presidenta, que ouviu os primeiros apupos, sente no ar o clima de conspiração e vai para um tudo ou nada quase na base do desespero. 


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