Ex-prefeito de São Paulo e deputado federal pelo Partido Progressista (PP-SP), Paulo Maluf passou as últimas três décadas entoando o mantra “eu não tenho conta no exterior”. Mas para se livrar de uma ordem de prisão preventiva expedida em 2009 pela Justiça americana e voltar a viajar pelo mundo sem correr o risco de ser preso, Maluf fez uma proposta reveladora à Promotoria de Nova York: estaria disposto a pagar uma multa de US$ 1 milhão para encerrar o processo contra ele. Ou seja, mesmo que indiretamente, ele acabou assumindo que tem dinheiro fora do País. No acordo proposto, o ex-prefeito entregaria também à Justiça americana um anel de sua esposa, Sylvia Maluf, avaliado em meio milhão de reais, hoje em poder da Justiça dos EUA. A joia da senhora Maluf, um anel de rubi e diamantes, foi confiscada pelos promotores nova-iorquinos em uma casa de leilão da cidade.

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NADA FEITO
Promotores só aceitam acordo com Paulo Maluf
se valor proposto for significativamente aumentado

O parlamentar é procurado pela polícia de 190 países e, atualmente, seu nome aparece em uma lista de 18 páginas ao lado de outros 160 criminosos brasileiros, entre os quais assassinos, assaltantes, traficantes de drogas, também perseguidos pela Interpol. Maluf e seu filho Flávio são réus nos Estados Unidos sob a acusação de roubo, fraude e lavagem de dinheiro. O deputado é acusado de desviar recursos públicos de obras quando ele era prefeito da capital paulista entre 1993 e 1996. Em 2007, pai e filho tiveram a prisão decretada em Nova York, porque, segundo promotores paulistas de um total de R$ 758 milhões desviados, US$ 17 milhões teriam passado pelo banco Safra daquela cidade.

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Essa é a segunda vez que Maluf tentou um acordo com os promotores de Nova York. Há cinco anos, a defesa do parlamentar propôs pagar um valor quinze vezes maior que o atual (US$ 15 milhões) para acabar com a pendenga jurídica. Acreditando na disposição do parlamentar em desembolsar a quantia, ou seja, na boa-fé de Maluf, no final de 2009, a Promotoria dos EUA retirou o nome dele da lista de procurados pela polícia internacional para que ele pudesse passar as festas de fim de ano na Europa. Só que, depois de desfrutar da viagem, Maluf abandonou o acordo sem pagar nada. O promotor do caso à época, Adam Kaufmannn, acusou Paulo Maluf de passá-lo para trás. Escaldada, a Promotoria americana, desta vez, decidiu dividir a responsabilidade pelo acordo com a Justiça brasileira e consultou o procurador-geral de Justiça de São Paulo, Márcio Elias Rosa. A resposta, por ora, é negativa. A não ser que o valor proposto pelo parlamentar seja significativamente aumentado. A procuradoria alega que a proposta é muito baixa, ante o rombo de quase ­R­$ 8­00 milhões deixado por Maluf. 

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