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Uma viagem pelo futuro. Esta foi a sensação dos mais de 50 mil visitantes da NextFest, evento realizado pela revista americana Wired, a bíblia da cultura digital, com cerca de 50 criações visionárias em exibição até o domingo 12, em Chicago (EUA). Para entrar no túnel do tempo, a Wired abriu espaço para as mais brilhantes mentes da ciência e da engenharia eletrônica nas áreas de design, robótica, transporte, comunicação e jogos, entre outros. De poltrona flutuante a jato em forma de arraia, passando por um carro que se adapta completamente ao motorista, as surpreendentes invenções deverão chegar ao mercado nos próximos anos, mudando nosso cotidiano e a forma como interagimos com as máquinas.

Sentar em uma cadeira flutuante, por exemplo, deixou de ser privilégio dos Jetsons. A empresa britânica Hoverit criou a poltrona do papai do futuro. Quem passou pela NextFest, ficou boquiaberto com o protótipo da Lounger feito inteiramente em acrílico.

"Queremos transformar a famosa poltrona de couro reclinável. Por ser flutuante, ela é mais confortável e o acrílico a deixa praticamente invisível", diz o porta-voz da Hoverit, Steve Wild. A cadeira que desafia a gravidade funciona sobre uma série de ímãs com pólos negativos e positivos que se repelem nas extremidades do móvel, forçando-o a se erguer no ar, como se levitasse por um passe de mágica. A tecnologia é semelhante à usada por alguns trens de grande velocidade no Japão, onde um campo magnético faz com que a máquina flutue e voe sobre os trilhos. "A sensação de leveza é ótima para relaxar, tratando problemas musculares como lombalgias e dor de cabeça", diz Wild. Construí da à mão, a cadeira pode fazer o seu dinheiro sair flutuando do bolso, pois custa 7.500 euros.

Da sala para a garagem: no evento, destacou-se o veículo criado nos laboratórios japoneses da Toyota batizado de PM (Personal Mobility). Imagine entrar num automóvel com joy stick de videogame no lugar da direção e um botão, semelhante ao de um PC, para dar a partida. "A idéia era criar um veículo individual extremamente confortável", diz Michael Rouse, vice-presidente da Toyota. Em vez de entrar por uma porta lateral, o motorista tem acesso a ele através de uma escotilha frontal, que sobe e desce usando barras de elevação hidráulica. Essa escotilha frontal também funciona como pára-brisa do carro. À medida que o veículo se move, a distância entre os eixos aumenta para que o cockpit recline. O motorista se desloca da posição ereta para a inclinada. Ao sair, a porta se levanta e o assento do PM desliza para a frente para facilitar o movimento do motorista. Outra inovação são as rodas de centro oco. Cada roda é independente das outras três, o que confere ao carro uma capacidade única de esterçamento. "Qualquer manobra é mais fácil porque o carro é mais flexível", diz Rouse. Econômico, o motor do PM é elétrico, mas potente e faz 100 km/h. O veículo é um protótipo sem valor definido.

Da garagem para os céus: a Nasa (Agência Espacial Americana) exibiu um jato em forma de arraia, o X-48B Blended Wing Body, que pesa 227 kg e tem 6,4 m de envergadura. Em testes, chegou a uma altura de 2.280 metros durante um vôo de uma hora e meia, controlado remotamente por um piloto em terra. O segredo da eficácia dessa mininave está em seu moderno design. Por causa da aerodinâmica, fornece maior propulsão com menos força quando comparada à fuselagem cilíndrica dos aviões tradicionais. É isso que reduz consideravelmente o consumo de combustível, além de deixar a aeronave mais silenciosa pelo baixo atrito com o ar.

Pensando no alto gasto do mundo corporativo com tinta para impressoras e o desperdício de papel, a Xerox apresentou o papel reutilizável. Funciona da seguinte forma: a pessoa imprime um documento para usar durante uma reunião, por exemplo, e depois de 24 horas todas as palavras e imagens impressas nele desaparecem. A folha pode ser colocada novamente na bandeja da impressora para ser reutilizada. O segredo desse tipo de papel "mágico" está num composto químico que, ao ser impresso, escurece quando exposto à luz, tornando dispensável o uso de toner ou do cartucho de tinta para impressão. Esse composto vai clareando e após algumas horas, fica completamente apagado. O processo todo pode ser acelerado por meio de exposição ao calor.

Se as telas sensíveis ao toque já foram a imagem do futuro, hoje estão ultrapassadas. Bastará movimentar os dedos para abrir programas ou assistir a vídeos. A empresa alemã Fraunhofer Institut – laboratório de tecnologia responsável, entre outras invenções, pela criação do formato de áudio MP3 – apresentou o iPoint Presenter, que permite operar equipamentos virtualmente, apenas mexendo as mãos. "Ele contém um computador, um projetor e duas câmeras com sensor infravermelho que lêem os movimentos realizados pelo usuário", diz Wolfgang Reiner, responsável pelo projeto. A interface pode compreender gestos realizados por até oito dedos simultaneamente. Para as crianças, a novidade é o jogo chamado Brainball, da Interactive Productline, no qual dois jogadores usam uma bandana com sensores que monitoram o nível de stress de cada um indicando ondas alpha e tetha. Os dados são enviados a um PC que afasta a bola do jogador mais calmo, aproximando-a da do mais estressado. É diversão garantida.