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Acompanhe uma entrevista sobre o assunto com o cirurgião plástico José Carlos Ronche Ferreira.

Dispostos a submeter o próprio rosto a uma transformação radical, jovens asiáticos estão viajando para Seul, na Coreia do Sul, onde o número de clínicas de cirurgia plástica é impressionante. Apenas no Distrito de Gangnam, bairro chique da capital coreana, são mais de 500. A região ficou conhecida como cinturão da beleza. A maioria das garotas e rapazes, alguns com 20 anos incompletos, procura uma intervenção que abrande os traços orientais, o que é conseguido com uma associação de cirurgia da pálpebra, aumento do nariz, lifting e cirurgias de redução de mandíbula. O resultado, em grande parte dos casos, é uma espécie de metamorfose que deixa a pessoa irreconhecível.

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PADRÃO
Uma das críticas dos médicos ocidentais é a de que a cirurgia
acaba deixando as aparências muito parecidas. O formato do
rosto torna-se oval e os olhos ficam maiores e arredondados

Por isso mesmo, um dos efeitos colaterais desses procedimentos ousados são as dificuldades enfrentadas por clientes estrangeiros para voltar ao País de origem. Na imigração chinesa, por exemplo, muita gente começou a ser barrada porque o portador do passaporte não apresentava mais nenhuma semelhança com a foto colada no documento. A solução encontrada pelos plásticos coreanos foi ainda mais inusitada: centros como o Hospital Dental ID – Eye, Nose & Petit Surgery Center agora fornecem aos clientes um documento de comprovação da identidade. O atestado reúne o número do passaporte, o nome do hospital, quando a pessoa foi operada e a duração da visita à Coreia do Sul. E a recomendação aos recém-operados é para que tirem outro passaporte assim que possível.

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Apesar da perícia dos plásticos coreanos, o desfecho dessas mudanças drásticas de imagem nem sempre é bom. O cirurgião plástico gaúcho Marco Faria-Corrêa, desde 2005 radicado em Cingapura, na Ásia, diz que a dificuldade de se reconhecer pode levar a uma crise psiquiátrica. “Vi casos em que a mandíbula ficou torta e conheci uma mulher que precisou ser internada porque gritava incessantemente ao perceber que não se identificava com o novo rosto”, disse Faria-Corrêa à ISTOÉ. Outro aspecto que impressiona o especialista é que o resultado deixa as meninas com aparência semelhante.

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O fenômeno cultural da cirurgia coreana está fazendo os especialistas se perguntarem como definir o limite para as intervenções na face. “Nos Estados Unidos, nós não realizamos procedimentos tão dramáticos que possam mudar tanto a aparência. Nunca encontrei esse tipo de pedido em 24 anos de cirurgia plástica”, observa o cirurgião plástico Renato Saltz, radicado em Salt Lake City e ex-presidente da American Society of Aesthetic Plastic Surgery.

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DIFERENÇA
As alterações são tão intensas que os pacientes
começaram a ter problemas para provar quem eram

No dia a dia, ele diz que pediria uma avaliação psicológica de alguém que busca uma mudança tão intensa. Saltz lembra que os cirurgiões asiáticos trabalham com conceitos diferentes. “Na América, o alvo de uma cirurgia estética é passar quase despercebida.” Para José Carlos Ronche, de São Paulo, os limites devem ser combinados entre o médico e a paciente para não produzir faces bizarras. “A busca deve ser da beleza com harmonia. Quem procura uma cirurgia plástica não quer ficar diferente, quer ficar igual às pessoas consideradas belas, se possível”, diz.

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