04/04/2014 - 20:50
Império sob ataque
A prisão do doleiro Alberto Youssef gerou um estrago muito maior do que o passeio de avião do deputado André Vargas (PT-PR). Até os comerciantes da rua 25 de março que trabalham com duas contabilidades – uma legal, outra por debaixo da mesa – sofrem com a falta de moeda americana para zerar negócios com a China. Responsável pelo abastecimento de dólares que movimentam boa parte da economia informal brasileira, Youssef deixou várias personalidades em situação de orfandade. Em véspera de campanha, políticos com reservas no Exterior dão sinal de nervosismo. Atletas com fortuna lá fora também. A única certeza do mercado é que, se Youssef
não retornar logo aos negócios, outro doleiro tomará seu lugar.
Mal-estar
A proposta de fortalecimento das carreiras do Supremo Tribunal Federal criou um mal-estar entre os presidentes do STF, Joaquim Barbosa, e do STM, Raymundo Cerqueira. Informado de que Barbosa articula mudanças no plano de cargos e salários da corte, sem ter combinado nada com outros tribunais, Cerqueira promete ir para o enfrentamento se concluir que servidores do STM ficarão em desvantagem.
Farinha pouca…
Apesar da pressão dos grupos de comunicação para tornar o horário da Voz do Brasil “flexível”, a Câmara dos Deputados não vai debater o projeto em 2014. O presidente da Casa, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), assumiu com líderes da Casa o compromisso de não pautar o projeto, mesmo aprovado no Senado. Sem acesso à programação padrão das emissoras comerciais, a maioria dos parlamentares usa a “Voz do Brasil” para falar a seus eleitores e teme que, com horários flexíveis, discursos e entrevistas que hoje são ouvidos às 19 horas sejam transferidos para a madrugada.
ISTOÉ – O que acontece agora, depois que até a presidenta da República apoiou o protesto?
Nana Queiroz – A Secretaria da Mulher está falando numa campanha massiva de educação contra o assédio.
ISTOÉ – Uma pesquisa do Ipea mostrou a presença do machismo como uma força na sociedade brasileira. Parecia ser mais frequente entre pobres. Por quê?
Nana – No Brasil, como a segurança pública é parca, esse movimento explodiu com mais intensidade. O machismo não é restrito a uma classe, as mensagens que eu tenho recebido de agressão vêm de todas as classes sociais e faixa etárias.
ISTOÉ – O movimento feminista precisa de reciclagem?
Nana – De certa maneira. O movimento feminista é muito importante, mas tem que aprender a falar para as camadas baixas. Às vezes as feministas se excluem em debates teóricos, sem falar para quem realmente precisa ouvir sua mensagem, que são pessoas que nunca ouviram falar de feminismo.
Na lista das vitórias da Igualdade Racial. Ao assumir a liderança do PT, Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho, tornou-se o primeiro negro com a função de líder partidário no Congresso brasileiro. O Brasil começou a formar partidos políticos de verdade ainda no tempo do império.
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), já estreou o novo implante capilar, realizado quando tomou um jatinho da FAB para fazer a cirurgia em Alagoas.
Ninguém entendeu a aposentadoria política precoce do governador de Mato Grosso do Sul, André Puccinelli (PMDB), que desistiu de concorrer ao Senado e pretende dedicar-se a partir de agora à criação de um instituto de educação para crianças.
Relator do Marco Civil da Internet, o deputado Alessandro Molon (PT-RJ) foi recompensado pelo governo pelo seu trabalho. Planilha de execução das emendas parlamentares mostra que Molon é um dos deputados mais prestigiados: 70% dos seus R$ 15 milhões em emendas individuais já foram empenhados.
Retrato falado
Estrela de uma reunião de 700 pessoas na noite de 31 de março, na Ordem do Grande Oriente, que reúne maçons de Brasília, o general da reserva Augusto Heleno fez uma crítica à Comissão da Verdade. Disse que a presidenta Dilma errou na escolha dos integrantes do grupo.
“É como pegar o torcedor mais fanático da torcida do Vasco e mandar escrever a história do Flamengo.”
Projeto do senador Paulo Bauer (PSDB-SC) aprovado na Comissão de Assuntos Sociais deu asas a um antigo anseio do PP: colocar as mãos nos bilionários recursos do FGTS. O PT do Senado dormiu no ponto e os parlamentares aprovaram projeto que transfere do Ministério do Desenvolvimento Social para o de Cidades a função de gestor do FGTS. Como o projeto tramitou em caráter terminativo, vai para a Câmara, onde o PP já se articula para ganhar apoios e aprovar o projeto de Bauer.
O gasto da União com a saúde de parlamentares, ex-parlamentares e respectivos dependentes tornou-se um poço sem fundo. Só neste ano, o Senado pagou R$ 4,1 milhões a grandes hospitais particulares para atender às demandas de parlamentares. A maioria só se submete a procedimentos médicos no Sírio-Libanês, com deslocamento e despesas integrais pagos pelo Legislativo. No ano passado, essa despesa ultrapassou R$ 17 milhões.