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Como político nenhum gosta de se desgastar em ano eleitoral, sindicatos de diferentes setores aproveitam o período para apresentar demandas que não seriam atendidas em outras circunstâncias. Os lotéricos do Rio Grande do Sul resolveram jogar pesado contra Dilma Rousseff. Decidiram suspender o pagamento do Bolsa Família a partir de 22 de abril, como forma de pressão para que o governo reajuste as tabelas de remuneração dos serviços executados pelas loterias. Os sindicatos de São Paulo, Bahia e Pernambuco estudam aderir ao protesto. As loterias concentram 80% dos saques do programa de transferência de renda.

Ação entre amigos

Antes de deixar o Ministério da Agricultura, o peemedebista Antonio Andrade homologou licitação vencida pela Consulplan para a realização de concurso nacional de fiscais agropecuários. A empresa pertence a Elder Abreu, filiado ao PMDB, e sediou em março de 2013 um grande encontro da legenda com a presença do próprio ministro.

Bola murcha

Às vésperas da Copa, os grandes clubes de futebol ficarão decepcionados com o relatório do deputado Otavio Leite (PSDB-RJ), que apresentará em abril parecer contrário ao perdão das dívidas tributárias e fiscais que chegam a quase R$ 5 bilhões.

Curral de emendas

Sem pudor, ministros que deixaram o governo privilegiaram seus Estados com recursos orçamentários e emendas. Na Integração, a Paraíba de Aguinaldo Ribeiro foi a campeã com 32% de R$ 661 milhões empenhados. Minas Gerais, de Antonio Andrade, teve 35% de R$ 24 milhões.

Charge

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Direita, volver

O requerimento do deputado Jair Bolsonaro (PP/RJ) para homenagear o Golpe de 64 ganhou assinaturas de gente de esquerda, como o petista José Guimarães (CE) e o socialista José Stédile (RS), irmão do líder do MST. Os dois se dizem enganados pelo texto genérico do cabeçalho do pedido.

Sem meia nem cueca

Para padronizar o método de arrecadação em ano eleitoral, o PT vai promover em 20 e maio um workshop com os secretários de finanças de todos os diretórios da legenda. Quem vai ditar as regras de coleta de doações é o tesoureiro nacional João Vaccari.

Garganta profunda I

Prefeito cassado de Campo Grande (MS), Alcides Bernal (PP) preparou vídeo em que se diz vítima de golpe político. Acusa o governador André Puccinelli (PMDB) e revela conversa em que o assessor especial Ronan Feitosa já falava, em outubro, da armação para a cassação e como compraria o apoio dos vereadores. Quem apoiasse o golpe ganharia cargo no novo gabinete do então vice Gilmar Olarte (PP). Feitosa antecipa nomeações que só ocorreriam cinco meses depois pelas mãos do novo prefeito.

Garganta profunda II

Quem votou pela cassação recebeu sua cota. Cezar Afonso foi nomeado para o Meio Ambiente, Semy Ferraz em Infraestrutura, André Scaff foi para Finanças, Rodrigo Pimentel virou secretário de Governo, Fábio Leandro, filho de desembargador, agora
é procurador-geral e Edil Albuquerque assumiu a Secretaria de Ciência
e Tecnologia. O vídeo foi periciado.

Toma lá dá cá

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Deputado Fernando Francischini (SDD), titular da Comissão de Fiscalização e Controle

ISTOÉ – O que acha da indicação da ministra Ideli Salvatti e do senador Gim Argello (PTB) para o TCU?
Francischini –
Faz parte da política de dominação do governo que aparelha os tribunais superiores e os órgãos de controle. Agora quer colocar de joelhos a Corte de contas.

ISTOÉ – Os dois nomes cumprem os requisitos para a função?
Francischini –
Quem responde a processo não pode assumir uma função pública dessas antes de ser absolvido em última instância.

ISTOÉ – O sr. apoia o movimento “ministro ficha limpa”?
Francischini –
Com certeza! É uma iniciativa oportuna e precisa virar lei. Se depender de mim, será aprovada.

Rápidas

*O DEM do Rio está otimista com a evolução das conversas entre o senador e presidenciável Aécio Neves (PSDB-MG) e o ex-prefeito Cesar Maia. Os tucanos também apostam num acordo que torne o mineiro competitivo no estado onde PMDB e PT estão rachados.

* O ex-ministro Ciro Gomes (PROS) estuda ser candidato ao Senado como degrau para uma nova candidatura à Presidência da República em 2018, quando terá 60 anos. A amigos tem dito que espera até lá ter criado juízo suficiente para o cargo.

*A Casa Alta, que produz creches de PVC, conseguiu contrato de R$ 3 milhões para implantar dois centros de educação infantil em Maringá (PR). O prefeito Carlos Pupin (PP) dispensou a licitação. Em apenas dois anos, a empreiteira saiu do anonimato e hoje é a sétima no ranking nacional.

*A cúpula de Minas e Energia se reuniu no 9º andar do ministério na quarta-feira 26 para discutir a crise energética que ameaça o País com um apagão. Ao final do encontro, uma queda de energia deixou o andar na escuridão. Às cegas, ouviram-se risos e piadas.

Retrato falado

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Ao solicitar refúgio ao Brasil, o promotor Marcelo Ricardo Soza Alvarez virou o 747º boliviano a fugir do regime de Evo Morales e buscar a proteção do Estado brasileiro. Em carta registrada em cartório, obtida por ISTOÉ, Alvarez revela que usou seu cargo para fins políticos a serviço do mesmo governo que agora o persegue.

Conselho privado

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Há mais de duas décadas no comando do Conselho Federal de Medicina Veterinária, Benedito Fortes de Arruda virou alvo do MPF por fazer da autarquia uma extensão de sua casa. É suspeito de usar veículo oficial para fins pessoais, embolsar diárias superfaturadas, empregar a mulher com salário de R$ 28 mil e depositar cheques de contribuições estaduais na conta da própria filha.
E ainda tentará a reeleição em abril.

Ordem unida

Neste jubileu do Golpe de 31 de março, um tema interno preocupa mais que os rumos políticos do País. O ministro Luís Barroso, do STF, concluiu relatório a favor da ação da PGR pelo fim do artigo 235 do Código Penal Militar, que prevê cadeia e expulsão a quem comete “pederastia” e “ato libidinoso homossexual”. O serviço de informação do Exército tem uma lista secreta com mais de mil nomes de militares de diversas patentes identificados como homos-
sexuais, inclusive um general de brigada.

* O titular da coluna, Paulo Moreira Leite, está em férias. Assina a coluna nesta semana Claudio Sequeira Dantas

Fotos: AFP PHOTO/Evaristo SA; Benedito Fortes de Arruda; Adriano Machado / AG. ISTOÉ
Colaboraram: Josie Jerônimo e Izabelle Torres