Com direito a academia para jovens curadores e obras comissionadas especialmente para a ocasião, a SP-Arte inaugura sua 10ª edição na quinta-feira 3. Embora a feira tenha como estratégia a diversificação de suas atividades, sofisticando sua oferta de atrações, oferecendo exposições, debates e premiações, e almejando o reconhecimento como evento cultural, é no mundo dos negócios que a SP-Arte realmente faz diferença. Na edição de seu décimo aniversário, a feira mais que triplicou seu público e a participação de expositores, em relação à primeira edição, em 2005. Consequentemente, as vendas só crescem. As transações realizadas em 2013 somaram quase R$ 100 milhões, mais que o dobro em relação ao ano anterior.

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Obra de Christian Boltanski à venda no estande da Marian Goodman Gallery,
de Nova York, que participa pela primeira vez da SP-Arte

Esses são alguns indicadores que fazem da SP-Arte uma engrenagem central do crescimento e da consolidação do mercado de arte brasileiro. “Certamente a feira tem um papel no impulso do desenvolvimento do mercado”, afirma a pesquisadora Ana Letícia Fialho, autora da “Pesquisa Setorial Latitude”, realização da Associação Brasileira de Arte Contemporânea (Abact) e da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil). Segundo dados da pesquisa, é visível que boa parte das galerias de arte contemporânea em atividade hoje no Brasil surgiu depois da criação da feira dirigida por Fernanda Feitosa. A SP-Arte também incentivou outros grandes negócios, como a ArtRio, surgida em 2009. Ainda segundo dados da terceira edição da pesquisa “Latitude”, processados este mês, entre as feiras mais frequentadas por brasileiros, a SP-Arte é a que gera um maior volume de negócios, de acordo com 56% das galerias, seguida da ArtRio e da Miami Basel Art Beach.

Este ano há 136 expositores (78 galerias brasileiras e 58 estrangeiras). Das 27 galerias apontadas pela “ArtReview” como as mais conceituadas do circuito mundial de arte, 12 estão na SP-Arte: David Zwirner, Gagosian, Marian Goodman, Pace, White Cube, Lisson, Thaddaeus Ropac, Neugerriemschneider, Kurimanzutto, Franco Noero, Continua e a brasileira Luisa Strina.

A Marian Goodman Gallery, de Nova York, que participou da ArtRio pela primeira vez em 2013, detectou um mercado no Brasil e vem a São Paulo este ano “aprofundar o conhecimento e o entendimento sobre o País”. “Queremos dar continuidade ao diálogo que iniciamos com colecionadores e com diversas instituições e curadores que se interessaram pelo trabalho de nossos artistas”, diz Rose Lord, diretora da galeria, à ISTOÉ. A galeria coloca à venda na SP-Arte, entre outros highlights internacionais, dois artistas que estão em cartaz em instituições brasileiras: Christian Boltanski no Sesc Pompeia e Tino Sehgal no CCBB Rio e na Pinacoteca de São Paulo.

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As vendas da SP-Arte em 2013 somaram quase R$ 100 milhões

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Em um mercado em expansão, em que galerias abrem mais e mais filiais, conquistando lugar ao sol em novos hemisférios, a presença de expositores estrangeiros no Brasil pode significar algo mais que uma semana isolada de vendas. Após duas participações seguidas em feiras no Brasil, a White Cube Gallery sentiu-se confiante para inaugurar sua filial em São Paulo, em março de 2012, com uma exposição do britânico Anthony Gormley. Nesse meio tempo, vem se integrando bem à vida artística local e até passou a representar uma artista brasileira em seu casting internacional: em maio de 2013, Jac Leirner realizou sua primeira individual em Londres, na filial da White Cube em Mason’s Yard.

Mas não são só os gringos que estão de olho na nossa baiana. Galerias brasileiras também começam a sonhar com novos horizontes. Em maio, a galeria paulistana Nara Roesler abre filial no Rio de Janeiro, com individual de Marcos Chaves. Especula-se que a Fortes Vilaça tenha os mesmos planos. Esse pode ser o primeiro passo. Há um oceano de possibilidades para o mercado brasileiro.

Fotos: Marian Goodman Gallery/Cortesia; Casa Daros/Cortesia


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