O impiedoso buraco negro que suga frequentemente o juízo e a memória apoderara-se há uma década de Hilderaldo Luís Bellini – ele já não se lembrava de mais nada. E assim, portador de Alzheimer, morreu na quinta-feira, em São Paulo, aos 83 anos. Bellini nem se recordava, por exemplo, de seu gesto que ficou imortalizado: em 1958, como capitão da Seleção Brasileira de Futebol, ao receber a Taça Jules Rimet no estádio sueco da Rasunda, ergueu-a com as duas mãos sobre a cabeça. Pela primeira vez o Brasil fazia-se campeão mundial, e o próprio Bellini contava duas versões para a história da taça. Leal no desarme do adversário, Bellini concebia que a melhor defesa era mesmo o chutão para a frente. Em 1962 foi bicampeão. Bellini não criou um estilo em campo, mas criou um estilo de como se mostrar campeã