Mal assimilou a rebelião histórica do principal partido aliado, o PMDB, a presidenta Dilma iniciou a semana colhendo novos reveses. Teve, de saída, que assumir um recuo constrangedor na ideia de baratear o custo das tarifas de energia. O projeto, anunciado com pompa e circunstância no ano passado, teria contribuído para um rombo rotundo nas contas do setor elétrico, de mais de R$ 15 bilhões, e forçado a equipe econômica a vir a público nos últimos dias para admitir a necessidade de uma injeção de recursos extras nas empresas de transmissão, com o consequente repasse da conta, via tributos, ao consumidor. Ou seja: o que prometia se tornar uma importante bandeira eleitoral, a luz barata, convertera-se numa promessa frágil de caráter populista. Não bastasse esse desvio de plano, Dilma ainda precisou engolir novos desaforos políticos do líder peemedebista Eduardo Cunha e de sua trupe, que procuraram evitar a todo custo a votação do Marco Civil que regulamenta a internet no País. Na contraofensiva, a presidenta deu posse a seis novos ministros, tratando de agradar correligionários com nomes que, embora menos técnicos, atendiam aos interesses partidários. O loteamento de cargos do governo seguiu a pleno vapor. E não apenas na escala ministerial. Vários postos de segundo escalão foram incluídos na conta. O PMDB saiu aquinhoado com nada menos que duas pastas. A tentativa de desmonte do chamado “blocão”, que reúne congressistas rebelados, estava tendo afinal um preço alto. Incluiu posições na Chesf, no Cade e na Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). Logo a oposição respondeu com críticas veementes à “compra de apoio”. O presidenciável Eduardo Campos tomou os holofotes para dizer que Dilma “distribui cargos como bananas”. A semana de provações ainda estava longe do fim quando o jornal “O Estado de S.Paulo” publicou denúncia apontando que a presidenta assinou um contrato lesivo à maior estatal do Brasil, Petrobras, ainda na condição de ministra da Energia e presidenta do conselho administrativo da companhia. A canetada teria custado cerca de US$ 1 bilhão em prejuízo. Dilma respondeu alegando que tomara a decisão baseada em um resumo dos termos da transação “técnica e juridicamente falho”. Não foi o suficiente. Mais uma vez ela ficava na defensiva, à mercê de acusações como a do presidenciável Aécio Neves, que classificou o ato de “gestão temerária”. Definitivamente, na última semana Dilma pareceu mergulhada em seu inferno astral.