Ditadura do Oriente Médio que sediará a Copa do Mundo de 2022, o Qatar se equilibra entre denúncias de trabalho escravo e corrupção ligadas ao evento e a tentativa de se estabelecer como potência cultural para o restante do planeta. No domingo 16, um relatório da International Trade Union Confederation constatou que lá operários vivem em condições degradantes, com retenção de salários, falta de segurança e confisco de passaportes. O órgão informou que 1.200 trabalhadores já morreram nas obras do mundial – no Brasil, foram sete fatalidades. No dia seguinte, foi revelado que o FBI apontou pagamento de R$ 2,8 milhões ao ex-vice-presidente da Fifa Jack Warner por uma empresa qatariana que promoveu a candidatura do país. Segundo o jornal inglês “The Telegraph”, que publicou a história, um documento de duas semanas depois da escolha do Qatar comprova a transação. Warner era um dos membros da entidade com direito a voto.

COPA-ABRE-IE-2313.jpg
TRABALHO
Relatório internacional diz que operários vivem em condições degradantes no Qatar

COPA-02-IE-2313.jpg

Para se contrapor a essa situação, o país investe pesado na promoção de eventos culturais, como a mostra “We Speak Football”, exposição itinerante que será inaugurada no Brasil durante a Copa (leia mais abaixo). A instalação da exibição em João Pessoa (PB) custará R$ 4,8 milhões, conta dividida entre o britânico National Football Museum e o 3-2-1 Qatar Olympic and Sports Museum, instituição controlada pela Autoridade de Museus do país. A entidade é presidida pela sheika Mayassa Al Thani, irmã do emir e mecenas que gasta cerca de R$ 3,8 bilhões anualmente com arte. Foi ela quem adquiriu em 2012 o quadro “Os Jogadores de Cartas”, de Cézanne, por R$ 580 milhões, a obra mais cara da história. Para o diretor do 3-2-1, Christian Wacker, o fato de o país ter um regime autoritário não anula os efeitos positivos do fomento à cultura: “O museu pertence ao governo, mas o trabalho cultural serve ao povo, independentemente do sistema.”

IEpag62_Copa.jpg

Alheia à discussão, João Pessoa – que não é sede do mundial – comemora a escolha para inaugurar a mostra em função da posição estratégica entre capitais que receberão jogos, como Recife (PE) e Natal (RN). “É uma grande oportunidade para divulgar a cidade no período da Copa”, diz o prefeito Luciano Cartaxo (PT), que espera atrair 200 mil visitantes até o final da exposição, em outubro. Outros sete países receberão a exibição até 2022, quando chega ao Qatar.

Assine nossa newsletter:

Inscreva-se nas nossas newsletters e receba as principais notícias do dia em seu e-mail

01.jpg

Fotos: Philipus / Alamy


Siga a IstoÉ no Google News e receba alertas sobre as principais notícias