O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso reentrou na cena política como articulador das forças oposicionistas que querem levar o tucano Aécio Neves à Presidência da República. A condição de FHC nessa mobilização é informal, mas seu papel fica cada dia mais evidente. O resgate de FHC se dá depois de várias eleições em que ele foi praticamente escondido por seus correligionários, colocado de lado, em segundo plano, nas campanhas. Os antigos postulantes José Serra (por duas vezes) e Geraldo Alckmin, que não lograram êxito em suas empreitadas, temiam que a marca de FHC e de sua gestão – por mais decisiva que tivesse sido na estabilização econômica do País – arranhasse a ideia de renovação que tentavam impor contra a avalanche do PT, Lula & Cia. Terá sido provavelmente um dos maiores erros de tática política da história, criticada inclusive durante as disputas. Os eleitores e possíveis apoiadores não entendiam o porquê daquela “vergonha” com um dos quadros mais proeminentes do PSDB.

Nessa edição da corrida às urnas com Aécio Neves a opção é diametralmente oposta: exibir ao máximo a façanha da estabilização promovida justamente por FHC e usar a sua imagem de credibilidade. O ex-presidente já está decerto nos holofotes dos debates por mudanças. É sistematicamente apresentado como uma espécie de guru, mestre cujos resultados transformaram o País, símbolo da boa conduta governamental do PSDB, que pode agora se repetir e aprimorar os fundamentos da economia pelas mãos de Aécio. Não há encontro oficial dos gestores da candidatura tucana ou evento de campanha em que FHC não esteja presente. Ele mesmo foi o maior difusor e defensor público da escolha do nome de Aécio e segue ao seu lado. Na semana passada, mais uma vez, a imagem de FHC com Aécio foi usada à exaustão por ocasião do aniversário de 20 anos do Plano Real, a maior bandeira de conquistas tucanas. A tropa da candidatura já deixou claro que o trunfo da moeda forte e os avanços promovidos por FHC serão destaques nos programas eleitorais, como a lembrar dos bons tempos em contraposição ao marasmo atual do mercado, ao descontrole das contas públicas e às ameaças inflacionárias que o País vive ultimamente. FHC, todos sabem, foi quem lutou por uma lei de responsabilidade fiscal que disciplinava os gastos dos Estados. A sua administração baniu definitivamente a carestia de preços, colocando o Brasil no prumo rumo a uma nova era que por algum tempo se apresentou promissora. Aécio Neves e o tucanato querem agora mostrar que isso é possível novamente. A atuação para promover esse conceito se dará forte sobre o público jovem que, em boa parte, desconhece os feitos tucanos do passado. O caminho é acertadíssimo e deve gerar bons pontos nas pesquisas. FHC nesses tempos depois que deixou o governo, mesmo após dois mandatos de realizações relevantes, nunca foi devidamente valorizado por seus pares como tem sido por Aécio. Já não era sem tempo.