Em Hollywood, quando um filme alcança os cobiçados nove dígitos na bilheteria, a comemoração vem acompanhada de um recado ao produtor: pense logo numa sequência. Foi o que se deu com “300”, o épico grego responsável por renovar o visual das chamadas “histórias de espada e sandálias” valendo-se das mais avançadas técnicas digitais. Mas a continuação do blockbuster de Zack Snyder, que faturou US$ 456 milhões ao redor do mundo, demorou a sair. “300 – A Ascensão do Império”, chega aos cinemas na sexta-feira 7, após uma preparação de sete anos. Nesse meio-tempo, o filão dominado por guerreiros musculosos enfiados em peitorais e saiotes registrou sucessos como “Fúria de Titãs”, “Príncipe da Pérsia” e “Imortais”. Agora, parece chegar ao auge justamente com o retorno dos guerreiros gregos em luta contra a invasão do rei persa Xerxes, papel mais famoso de Rodrigo Santoro no Exterior. Vem antecipado por outros sucessos.

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HERÓI
Sullivan Stapleton como o general Temístocles: resistência grega

Já em cartaz, “Pompeia”, uma mistura de história de gladiadores com filme-catástrofe, foi o segundo longa mais visto no Brasil na semana passada, ao reconstruir por computador a cidade romana e, em seguida, destruí-la com igual engenho. As cenas fantásticas, aprovadas por uma equipe de historiadores e geólogos, mostram que Pompeia veio abaixo mais pelas rochas incandescentes e pelo enorme tsunami do que pelas lavas do Vesúvio. “Hércules”, sobre a juventude do semideus grego, já havia arrasado nas bilheterias uma semana antes. É a prova de que esse gênero de aventura histórica ganhou novos fãs.

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O GENERAL E O SEMIDEUS
Sullivan Stapleton, como o militar grego Temístocles (acima), e Kellan Lutz (abaixo),
no papel de Hércules: a guerra contra o opressor e a luta pela liberdade

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A longa gestação do novo “300” deve-se à demora do autor de quadrinhos Frank Miller em criar o enredo inédito. Como não entregou a encomenda, Snyder escreveu o roteiro baseado em suas ideias, fazendo a ação acontecer paralelamente à contada no primeiro filme. Na batalha das Termópilas (480 a.C.), o rei Leônidas, de Esparta, enfrentou as forças de Xerxes. A guerra agora é outra: as batalhas de Artemísio e Salamina, lideradas no lado grego pelo general Temístocles, que tentou unir as cidades-estados contra a Marinha persa. É também um pretexto para incluir na saga a rainha guerreira Artemísia (Eva Green), que comandava a esquadra estrangeira – e assim diminuir a testosterona acumulada em tantos marmanjos. Sai Gerard Butler (Leônidas) e entra Sullivan Stapleton (Temístocles), mas o visual que arrebatou fãs de Miller não mudou. Os artistas gráficos usaram os mesmos softwares que deram o tom soturno às cenas de “300”. Tiveram, contudo, um trabalho a mais, já que a ação se passa em alto-mar – e toda a água, todo o cenário e tudo o que não é humano surgem digitalizados.

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DESTRUIÇÃO
Kit Harington (acima) é um gladiador em “Pompeia”. Mas quem rouba a cena
é a erupção do Vesúvio, que inclui um gigantesco tsunami digitalizado

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Quando foi um fenômeno nos anos 1950 e 1960 e manteve a todo vapor a máquina do cinema italiano, as aventuras de “espada e sandálias”, com seus déspotas e escravos rebelados, serviam de comentário à luta pelos direitos civis. Hoje, refletiriam o militarismo e a sucessiva queda de governos corruptos. Existe outra hipótese nada absurda: o sucesso de tais produções contaria com a ajuda da popularidade do MMA, a luta cujo estilo remonta aos tempos greco-romanos e que colocou no pódio lutadores como Rodrigo Minotauro (atenção para o nome). O campeão do UFC 2008, que trabalhou em “Os Mercenários”, concorda com a tese: “O nosso público adora filmes de gladiadores, pois ali está a essência dos verdadeiros guerreiros.” Prova disso é que a antiga abertura do UFC mostrava gladiadores entronizados por uma música marcial – sem falar que os cinturões dos campeões copiam o estilo dos adereços romanos. Grande parte da ação de “Hércules” e “Pompeia” acontece justamente nas brigas de arena. A crescente participação de lutadores em filmes de ação é outro sinal da interseção desses públicos. O mais novo contratado para uma superprodução hollywoodiana é o canadense George St. Pierre, 19 vezes vencedor do UFC, que interpreta o vilão Batroc em “Capitão América 2: o Soldado Invernal”, com estreia marcada para abril.

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Fotos: Courtesy of Warner Bros. Pictures; George Kraychyk


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