A Adidas, uma das maiores patrocinadoras da Copa do Mundo deste ano, em junho, no Brasil, tentou uma jogada de marketing de extremo mau gosto e provocou a ira de governantes, entidades turísticas e muitos consumidores. A marca alemã colocou à venda camisas que vinculam o País ao turismo sexual e teve que pedir desculpas e retirar as peças de circulação. Deu, assim, visibilidade a uma batalha antiga contra a exploração sexual, que conta com ações, nos últimos anos, do poder Executivo, ONGs e entidades empresariais. Só o Ministério do Turismo contabiliza 110 mil pessoas atuando no setor. Em oito anos, foram realizados 163 seminários em todo o País sobre o tema e o evento esportivo será palco de muitas campanhas contra, principalmente, a exploração de crianças e adolescentes. A presidenta Dilma Rousseff se manifestou através de sua conta no Twitter contra a atitude lamentável da empresa alemã. “O Brasil está feliz em receber turistas que chegarão para a Copa, mas também está pronto para combater o turismo sexual.”

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NOVA IMAGEM
Várias ações contra o turismo sexual vêm ocorrendo no País nos últimos anos

Especialistas vêm mostrando que a imagem do “bumbum country” mais afasta do que atrai visitantes, além de deixar um rastro devastador de exploração de menores e doenças sexualmente transmissíveis. O professor de turismo da Universidade Federal Fluminense (UFF) Marcelo Tomé afirma que mudar a imagem do Brasil ainda vai requerer muito tempo e investimento. O estereótipo, segundo ele, foi formado em parte por campanhas publicitárias das décadas de 1970 e 1980, que erroneamente estampavam mulheres de biquíni para atrair os visitantes. “Temos muitas atrações culturais e ecológicas que poderíamos promover. Mas isso demora tempo e requer investimentos”, afirma Tomé. 

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MAU GOSTO
As camisetas já foram tiradas de circulação, junto com o pedido de desculpas da marca alemã

Para mudar esse jogo, o Ministério do Turismo tem entre seus programas o Turismo Sustentável e Infância, que procura conscientizar quem trabalha no setor a repudiar a prostituição infantil. Em parceria com o Serviço Social da Indústria (Sesi), o órgão também vem capacitando para outras atividades quem é vítima de exploração. A Secretaria Nacional de Direitos Humanos disponibiliza o Disque 100 para denúncias e pretende distribuir, só neste Carnaval, 150 mil folhetos de esclarecimento sobre o problema. O presidente da Associação Brasileira das Agências de Viagens (Abav), Antonio Azevedo, recebeu com alívio o fato de a Adidas ter reconhecido o gol contra – inclusive contra a própria marca.

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