O principal responsável pela escolha do Brasil para sediar a Copa do Mtundo não participará da festa. O ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ricardo Teixeira, 66 anos, vive discretamente, no Rio de Janeiro, uma das piores fases de sua vida. Ainda se adaptando às restrições comuns a quem faz transplante de rim, como ele, Teixeira confidenciou a amigos que sua maior ambição, no momento, é reatar o casamento com a ex Ana Carolina Wigand, de quem estava prestes a se divorciar. Recentemente, ele viu naufragar uma tentativa de namoro com uma paulistana com quem começou a se relacionar em Las Vegas, nos Estados Unidos, durante o Réveillon. Depois do Carnaval, o ex-todo-poderoso do futebol brasileiro faz as malas e volta para Miami. Enquanto está no Rio, ele passa a maior parte do tempo em sua mansão no condomínio de luxo em Itanhangá, na zona oeste — mesmo endereço de artistas como Isis Valverde, Bruno Gagliasso e Alinne Moraes. Além da segurança oferecida pelas guaritas, seu casarão de muro alto, que cerca um terreno de quase 500 metros quadrados, conta com vigilantes próprios. “Ele está totalmente recuperado da cirurgia”, disse o assessor de imprensa da CBF, Rodrigo Paiva, que trabalhou com Teixeira por quase 11 anos.

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SAÚDE
Ele recebeu um rim do irmão e está se adaptando à vida com restrições médicas

Vizinhos consideram a mansão dele uma espécie de bunker. “Parece uma fortaleza. Não dá para ver se ele está ou não em casa. Quando sai, é sempre com um carro de escolta”, contou um deles, que não quis se identificar. Não tem ido nem ao Itanhangá Golf Club, que, pela proximidade, já foi considerado uma extensão de sua casa e espécie de segundo escritório. As visitas se tornaram escassas, mas ele ainda recebe o amigo e secretário-geral da CBF Júlio César Avelleda, além do ex-diretor financeiro da entidade Antônio Osório e do ex-tesoureiro Ariberto Pereira dos Santos. Os dois últimos foram afastados da confederação em agosto do ano passado pelo atual presidente, José Maria Marin. Imersa em árvores e plantas robustas, a casa de Teixeira fica em um endereço onde propriedades similares podem custar mais de R$ 10 milhões. Nesse ambiente, ele cuida dos negócios, da saúde delicada também por conta de hipertensão e da diabetes e se esquiva da imprensa. Desde que deixou a presidência da CBF, em março de 2012, não deu mais entrevistas.

Nos fins de semana, segundo conhecidos, o homem, que ficou 23 anos no comando da entidade máxima do futebol brasileiro e foi reeleito cinco vezes, opta por um destino bem calmo, quase o oposto da vida frenética de antes: a fazenda Santa Rosa, em Piraí, no sul do Estado fluminense, para onde viaja nos fins de semana. Ali, segundo amigos, se reencontra com a “origem mineira” – ele nasceu em Carlos Chagas, no norte de Minas. A criação de gado é uma das atividades à qual se dedica no local – embora, antes de deixar a CBF, tenha leiloado grande parte do rebanho e fechado a fábrica de laticínios da propriedade. O antigo cartola também se desfez da boate e do restaurante que tinha no Rio. A jogada mais importante de sua vida, porém, ele realizou em São Paulo, em outubro do ano passado, no Hospital Israelita Albert Einstein. E saiu bem: passou por um transplante de rim, órgão doado pelo irmão Guilherme, que o tirou da dependência de sessões de hemodiálise.

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UNIÃO
Teixeira disse a amigos que volta para os EUA depois do Carnaval e quer retomar
o casamento com Ana Carolina Wigand, com quem tem uma filha adolescente

Ricardo Teixeira se divide, atualmente, entre o Rio e Miami, onde possui outra mansão, localizada no condomínio Sunset Island e avaliada em R$ 15 milhões. Na propriedade, que tem uma marina particular e lancha no ancoradouro, moram a ex-mulher e a filha adolescente do casal. Do primeiro casamento, com Lúcia Havelange, ele tem três filhos e já é avô de três netos. A união com Ana Carolina começou a degringolar no fim do ano passado e chegou a ser noticiado que ele estava no Brasil para assinar os papeis do divórcio. “O romance iniciado com a jovem de São Paulo não vingou. Ricardo quer voltar para Miami para se reconciliar com a Ana Carolina”, afirmou à ISTOÉ um amigo do ex-dirigente.

Quando a bola começar a rolar no dia 12 de junho, no jogo de abertura entre Brasil e Croácia, em São Paulo, Teixeira, que responde a uma série de processos (leia quadro), deve estar longe. Em 2007, ano em que a Fifa escolheu o Brasil como sede da Copa, suas articulações foram fundamentais. O ex-dirigente fez um pacto, na época, com o presidente da entidade internacional, o suíço Joseph Blatter, e teria se comprometido a apoiar a reeleição dele em troca do Mundial. Entretanto, teria passado o suíço para trás no momento decisivo e apoiado o presidente da Confederação Asiática de Futebol, o catariano Mohammed Bin Hammam, cuja candidatura não vingou. Tudo indica que ele vai acompanhar as jogadas da seleção canarinho de Miami, via satélite.

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Fotos: Alex Carvalho, UAN GUERRA – Estadão Conteúdo