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Ao conferir, nos últimos dias, o mapa eleitoral nos Estados, a presidenta Dilma Rousseff franziu o cenho de preocupação. Dilma percebeu que o cenário político lhe é desfavorável em seis Estados nos quais o resultado eleitoral tinha sido determinante para sua vitória na corrida ao Palácio do Planalto em 2010. São eles: Minas Gerais, Pernambuco, Rio de Janeiro, Maranhão, Ceará e Bahia. Nesses locais, ela obteve em 2010 uma vantagem de 12,6 milhões de votos sobre José Serra. No total, Dilma venceu o tucano por uma diferença de 12%. Só em Pernambuco, Bahia e Ceará, Dilma conquistou cerca de 7,5 milhões de votos a mais que o rival. Agora, nesses Estados, rachas entre siglas da base aliada ou rearranjos locais e nacionais fortalecem as candidaturas do governador pernambucano, Eduardo Campos (PSB), e do senador Aécio Neves (PSDB), principais adversários de Dilma.

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Na Bahia, Estado em que a petista obteve a maior vantagem em votos sobre a oposição no segundo turno, Dilma encontra dificuldades para montar palanques competitivos. Além do desgaste da máquina petista, que comanda o governo do Estado há dois mandatos com Jaques Wagner, aliados desertaram da campanha petista à reeleição ao Planalto. De um lado, a senadora socialista Lídice da Mata lançou-se à sucessão estadual, abrindo palanque para o correligionário Eduardo Campos. De outro, o PMDB costura uma aliança com o prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), e com o PSDB. O objetivo é lançar um candidato único ao governo baiano, garantindo um robusto palanque ao presidenciável tucano Aécio Neves.

No Ceará, outro Estado estratégico para o triunfo de Dilma em 2010, os atritos entre as legendas da base aliada também podem favorecer Aécio. O PMDB local já sinalizou informalmente que, caso o PT insista em se coligar com o PROS, comandado pela família Gomes, a legenda irá firmar um acordo com um dos candidatos oposicionistas. O senador peemedebista Eunício Oliveira, que não pretende abrir mão de disputar o governo estadual, ensaia uma aliança com o PSB de Eduardo Campos. Nem mesmo a oferta de Dilma de nomeá-lo para o Ministério da Integração Nacional o fez abrir mão de lançar-se candidato.

O cenário em território cearense é similar ao do Maranhão, onde Dilma obteve 79,09% dos votos no segundo turno de 2010. O apoio sinalizado pelo PT ao grupo político da família Sarney contraria o ex-presidente da Embratur e pré-candidato pelo PCdoB à sucessão estadual Flavio Dino. Com isso, a campanha de Dino tenta montar um arco de alianças que inclui o PSDB, de Aécio, e o PSB, de Campos. No Rio, a insatisfação dos aliados está relacionada à candidatura do senador petista Lindbergh Farias à sucessão estadual. O PMDB já contabilizava como certo o apoio do PT para eleger o vice-governador, Luiz Fernando Pezão, o que não ocorreu. Agora, os peemedebistas reclamam da falta de reciprocidade do PT à legenda, que participou ativamente da campanha de Dilma Rousseff em 2010. Preterido, o partido negocia uma aliança com o PSDB, o que poderá abrir uma trincheira para Aécio no Estado.

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A candidata à reeleição Dilma Rousseff também enfrentará uma combativa oposição em Minas Gerais e Pernambuco, Estados de seus principais rivais. Ao contrário de 2010, quando tinha o governador Eduardo Campos como cabo eleitoral, o PT agora vê o rival socialista tentando isolar a sigla. Em um lance político bem-sucedido, Campos selou o fim da hegemonia petista à frente da capital do Estado e manteve sob seu controle as principais prefeituras do Estado. Também aumentou sua aliança, trazendo o PMDB, o PSDB e até ex-petistas, como Maurício Rands.

Em Minas Gerais, Estado onde petistas e tucanos foram aliados nas recentes eleições, Aécio elegeu a vitória de Pimenta da Veiga (PSDB), candidato ao governo, como crucial neste pleito. Inusitadas dobradinhas nas urnas, como a Dilmasia, em que eleitores votaram na petista para o Planalto e no tucano Antonio Anastasia para o Executivo estadual em 2010, não irão ocorrer. Para se certificar de que irá derrotar o PT no Estado, o tucano Aécio Neves trabalha intensamente para manter em sua canoa antigos aliados locais e conquistar o apoio de outras legendas que ameaçam pular do barco do governo. Segundo as recentes pesquisas, Dilma navega em águas tranquilas: ainda é favorita para vencer no primeiro turno das eleições presidenciais. Mas, se a maré virar para ela nesses seis colégios eleitorais, a eleição de outubro pode ter um desfecho distinto.


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