Oportunidade é uma coisa, oportunismo é outra coisa. A médica cubana Ramona Matos Rodríguez tornou-se o mais afiado bisturi a fazer essa separação. Ela desembarcou no Brasil por meio do programa “Mais Médicos” e já correu a pedir refúgio no gabinete da liderança do DEM na Câmara. Mais: protocolou pedido de asilo na Embaixada dos EUA, onde pretende reencontrar seu marido que vive como refugiado em Miami. Não há nada de antiético no fato de Ramona ter feito do programa o seu passaporte para fugir de um regime de exceção. Isso é oportunidade. Mas o discurso não é ideológico: ela alega insatisfação com o salário, o que soa estranho porque tudo é previamente acordado. O governo brasileiro passou então a suspeitar que parlamentares do DEM tivessem cooptado Ramona, uma vez que eles assumiram a sua escolta e a estão utilizando para bombardear o “Mais Médicos”. A cooptação, ao que tudo indica, não aconteceu, mas a instrumentalização da fuga de Ramona está ocorrendo. Esse é o oportunismo.