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O deslumbramento começa ainda no avião. A imensidão da Amazônia brasileira, que corresponde a 49,29% do território do País, impressiona. “Você olha pela janela e só vê verde, parece não ter começo nem fim. É lindo”, diz a profissional de marketing carioca Priscila Stoky, 26 anos, que escolheu fazer turismo na maior floresta tropical do mundo por três vezes nos últimos dois anos. Ela é um dos milhares de brasileiros que estão “descobrindo” a selva – a reboque dos estrangeiros, que já elegeram o lugar como destino turístico há muito tempo. A região recebe entre 150 mil e 180 mil visitantes anualmente e, destes, 65% são gringos contra 35% nativos, segundo estimativa da Associação da Hotelaria de Selva da Amazônia Brasileira (AHS). Essa desproporção era maior. Na década passada, os estrangeiros somavam 90%. De modo geral, o interesse pela região amazônica está aumentando, tanto aqui quanto em outros países, por dois motivos: a visibilidade internacional devido à importância ecológica e à realização da Copa do Mundo de futebol no Brasil, em 2014. O setor hoteleiro “de selva”, claro, já se expande – até porque haverá jogos em Manaus, no Amazonas, e em Cuiabá, em Mato Grosso – dois dos nove Estados que compõem a Amazônia.

 

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MEIO AMBIENTE
Twia Amazonas: na selva com conforto. Na região, é preciso ser ecologicamente correto

 

Atualmente, a AHS calcula que há entre 300 e 350 hotéis de selva. Mais 40 empreendimentos estão a caminho, segundo a associação,
incluindo os navios que fazem cruzeiros e os barcos e iates que levam passageiros para a região e funcionam como hotéis enquanto
estão atracados. Sem contar as melhorias em algumas das redes hoteleiras já existentes, como o Tropical Manaus. “O brasileiro está buscando essa experiência única do contato com a selva, em vez de só pensar na praia como destino de férias”, diz o diretor-presidente da Rede Tropical, Adenias Gonçalves Filho. A imensidão verde da Amazônia oferece atrativos para visitantes de qualquer idade, de crianças a idosos, de amantes de aventuras a quem só planeja descansar em uma floresta.
 

 

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NATUREZA
O Hotel Juma Lodge, localizado na copa das árvores

 

“A associação nasceu para organizar o setor, que tem necessidades específicas. Não é a mesma coisa abrir um hotel na cidade e um
na Amazônia”, diz o diretor-executivo da recém-criada AHS, Sérgio Carvalho. As diferenças têm a ver não só com os impactos ambientais, mas com o atendimento em si. Os pacotes nos hotéis da Região Amazônica incluem todas as refeições e os passeios que o visitante
desejar fazer: pode ser sair de barco, para ver o encontro dos rios Negro e Solimões, ou um acampamento noturno, que é chamado de “sobrevivência na selva”. “O turista escolhe o que quer fazer, respeitando as restrições de cada atividade”, explica Carvalho. O estudante carioca Vítor Macedo Rodrigues Mallmann, 13 anos, tinha apenas 7 quando acampou com o pai (e um guia, claro) na Amazônia. “À noite ouvíamos uns barulhos engraçados, dava um pouco de medo, mas foi divertido. Foi uma das melhores viagens que já fiz”, afirma o adolescente, que conhece 15 países. O importante é seguir as orientações dos guias, como usar sapatos fechados, calça e blusa de manga comprida – tudo para evitar os mosquitos que, especialmente na estação chuvosa, infestam algumas áreas. “Não tem em todo lugar, porque a água do rio Negro, por exemplo, é ácida, então os insetos não ficam por perto”, conta o guia holandês Michiel Swanborn, 42 anos, que perdeu as contas de quantas vezes foi à Amazônia, a trabalho e a passeio. “Eu mesmo já me perdi na floresta ao ir por conta própria”, lembra.

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Um outro cuidado indispensável é se vacinar contra febre amarela e hepatite B, como fez o engenheiro ambiental carioca Ricardo Froitzheim, 26 anos. Ele se hospedou em um hotel muito simples, que nem chuveiro tinha. A saída era banhar-se no rio. O mergulho, por
sua vez, era uma aventura: “Nos falaram para tomar banho de dia, porque só tinha jacaré à noite. Mas, de dia, havia as piranhas. Então, íamos para o meio do rio de barco, uma vez que elas ficam mais perto das margens”, lembra, rindo. Alguns hotéis são rústicos e, outros, bastante luxuosos, com piscinas enormes, tevê de LCD, ar-condicionado, cama king-size, frigobar, internet, entre outros mimos. Dá para se hospedar na selva com muito conforto, nos grandes resorts já frequentados por nomes como a atriz Julia Roberts e o empresário Bill Gates, dono da Microsoft – construídos sobre palafitas, na altura da copa das árvores, flutuando no rio. Um requinte que custa caro: as diárias para casal podem chegar a R$ 1,5 mil. E, vale dizer, os celulares funcionam.

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NATUREZA
Priscila Stocky: três viagens à floresta em dois anos.

 

 


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