Em 1911, três homens foram enforcados por assassinato. Seus sobrenomes alinhados formavam o endereço da vítima. Coincidência? Na abertura de Magnólia (Magnolia, Estados Unidos, 1999) – cartaz nacional na quinta-feira 20 – outros casos semelhantes vão se repetindo. Até que somos envolvidos pelos nove personagens principais da trama, que gravitam em torno da rua que dá nome ao filme, situada em San Fernando Valley, Los Angeles. Earl Patrige (Jason Robards) é um produtor de televisão que agoniza de câncer, para desespero de sua mulher, Linda (Juliane Moore), muito mais nova que ele. Phil Parma (Philip Seymour Hoffman), o enfermeiro que o acompanha, passa o tempo todo à procura de Frank Mackey (Tom Cruise), filho que o moribundo abandonou ainda menino. Paralelamente, outras histórias vão ocorrendo e se entrelaçando num filme longo, de 3h08, que não chega a entediar justamente pelas boas interpretações do elenco, gente familiarizada ao diretor.

Em seu terceiro filme, Paul Thomas Anderson, que agora assina só P.T. Anderson, utilizou nada menos do que oito atores de seu trabalho anterior, o controvertido Boogie nights – prazer sem limites (1997). Gastou mais que o dobro, US$ 37 milhões, e conseguiu outra vez dividir a crítica nos Estados Unidos, onde a fita ainda não se pagou, apesar da conquista do Urso de Ouro no Festival Internacional do Filme de Berlim, do Globo de Ouro de melhor ator coadjuvante para Tom Cruise e de três indicações ao Oscar. A quase falta de empatia tem lá suas razões. Durante a projeção de Magnólia a expectativa é que, aos poucos, o espectador vai encontrar uma obra-prima, cujos destaques são as interpretações de Juliane e Cruise – a cada filme se firmando um ótimo ator. O problema é que a idéia não se realiza e o teorema inicial se transforma literalmente em mágica. Algo assim como a matemática proposta por Anderson acabar virando literatura mística.


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