Em tempos de corpos sarados e sequinhos, ficar parado esperando a ação da gravidade tornou-se quase um pecado. Felizmente, a cada dia surgem alternativas mais simpáticas do que ficar puxando ferro em frente ao espelho, escutando música bate-estaca. O alongamento tônico ou ginástica dos ligamentos é uma delas. Não apenas alonga, mas também tonifica e fortalece os músculos, com a vantagem de dispensar o uso de pesos e aparelhos. Tudo que se precisa é de alguma disciplina e menos de uma hora por dia de prática. O resultado é rápido e bastante visível. A técnica foi criada na década de 60 pelo atleta e preparador físico francês Jean Pierre Moreau. Ele observou que os atletas costumavam sofrer lesões com frequência por falta de um alongamento adequado. Moreau começou então a desenvolver sua própria técnica, que mistura posições de ioga, tai chi chuan, atletismo e alguns movimentos de animais, privilegiando os pés, sempre descalços durante os exercícios, e as costas, que são trabalhadas em 70% dos movimentos. Além de aumentar a tonicidade, o método dá mais leveza, melhora o rendimento em outras atividades físicas e diminui o perigo de lesões.

A diferença para o alongamento comum é a de que o tônico não trabalha apenas a musculatura externa. “A técnica tem como objetivo atingir a musculatura de sustentação do corpo, secundária, que envolve os ossos”, explica a professora carioca Mônica Lima Pereira Nunes, que ensina o alongamento tônico. Os músculos externos são trabalhados como consequência. Formada em dança, Mônica conheceu a técnica há 15 anos, quando morou na França. Além de praticá-la, começou a estudar seus movimentos e sua ação no corpo. “Ao fortalecer a musculatura de sustentação, adquire-se uma postura correta naturalmente, sem a pessoa precisar se policiar.” Mônica pôde notar essa mudança nela mesma. Ela costumava sentar-se tão curvada que estava ficando corcunda. Depois de algum tempo de prática, recuperou uma postura ereta. “Vendo a minha melhora, muitas amigas começaram a praticar”, conta.

Mais tarde, outros alunos também relataram melhoras visíveis. A médica carioca Angela Moscoso, 45 anos, sempre pisou de forma errada, o que a deixava com os joelhos voltados para dentro. “Desde que comecei a exercitar a musculatura de fora do pé, o joelho já mudou muito, e minha coluna, que costumava doer, também melhorou.” O objetivo do exercício não é perder peso, mas, pelo fato de alongar todos os músculos, a silhueta é beneficiada. “Sem dúvida estou mais fina”, confirma Angela, que pratica a modalidade há seis meses. “As alunas logo comentam que perderam barriga, culote e afinaram o pescoço”, diz Mônica. Outra vantagem do alongamento tônico é que pode ser praticado por gente de qualquer idade, desde crianças até idosos, sem contra-indicação. Mônica dá aulas semanais e estimula os alunos a repetirem os exercícios em casa. “O objetivo é a pessoa se disciplinar e se livrar de mim”, brinca.