Ninguém conhece o senhor Volkswagen ou o senhor Chrysler, mas no caso da companhia francesa Michelin, o dono é de carne e osso. Neto do fundador da empresa, Edouard Michelin comanda um batalhão de 120 mil pessoas em 70 países, incluindo o Brasil. Há um século seu sobrenome é sinônimo de pneus e guias turísticos. Em plena era da economia global, aos 36 anos, Michelin comanda uma empresa de US$ 12 bilhões de receita anual e perfil familiar. Existem simplesmente 500 membros do clã com ações da empresa nas mãos. “Isso não nos atrapalha. Os parentes nos impedem de relaxar”, diz.

ISTOÉ – Como uma empresa familiar enfrenta a globalização?
Edouard Michelin – Como uma oportunidade extraordinária. Uma administração familiar pode significar também um crescimento sólido. Em 1990, compramos as marcas BF Goodrich e Uniroyal. Nos últimos três anos, investimos US$ 3,5 bilhões em seringais na Colômbia e fábricas no Peru, Venezuela, Argentina, África do Sul e Turquia. Temos 19% de participação no mercado mundial de pneus. A Goodyear e a Sumitomo se juntaram e lideram o ranking, com 22%, mas não descartamos novas aquisições pela Michelin.

ISTOÉ – Apesar dessa dimensão, no Brasil, a Michelin passa uma imagem de empresa menor. Por quê?
Michelin – Temos 25% do mercado de pneus radiais de carga e 7% entre os carros de passeio no Brasil, uma fatia respeitável, mas não soltamos fogos de artifício em torno de nosso nome nem investimos tanto no marketing. Mas vamos dar ênfase ao fortalecimento das marcas Michelin, BF Goodrich e Uniroyal, além de aumentar a oferta de serviços e produtos. No último ano, ampliamos os negócios no País em 60%.

ISTOÉ – Como atenuar a agressão dos pneus ao meio ambiente?
Michelin – Somos referência na pesquisa pela redução da poluição. Já usamos sílica para reduzir o consumo de combustível em 5% e facilitar a recauchutagem. A reciclagem é outra frente de atuação, mas depende da legislação em vigor em cada país. No Brasil, as leis evoluíram, mas não o suficiente.


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