17/01/2014 - 20:50
Antes da economia, futebol
No caminho de Davos, Dilma fará uma pausa em Zurique, na quinta-feira 23, para uma conversa com Joseph Blatter, o presidente da Fifa, para tratar do que interessa – a Copa. De volta do descanso de fim de ano, a presidenta reuniu dez ministros para fazer um balanço dos trabalhos e recebeu a boa notícia de que dois estádios ficaram prontos e só aguardam agenda para inauguração: o de Natal e o de Porto Alegre. Numa segunda reunião, menor, os presentes repassaram medidas de segurança para a Copa. O Planalto não quer ouvir nem boato de que algum país pode se ausentar da competição, como os italianos deram a entender nos protestos de junho de 2013.
R$ 330 para Genoíno
Brigando na Justiça para conseguir uma redução de quase 50% na multa de R$ 667 mil, que José Genoíno terá de pagar pela Ação Penal 470, seus advogados lembram que as chances de vitória são minúsculas. O receio é desmobilizar doações que andam em boa velocidade, com contribuições de R$ 330 em média.
Com a lupa no BNB
O Ministério Público Federal abriu investigações contra mais de 150 servidores do Banco do Nordeste do Brasil (BNB). Vários envolvidos já responderam a processos administrativos internos e até ex-diretores foram demitidos da instituição, acusados de participar de fraudes. O BNB passa por um processo de resgate de sua imagem por ordem da presidenta Dilma, que chegou a cogitar fundi-lo com o BNDES, mas recuou.
Retaliação curricular
A resistência do governo em ceder cargos de comando das agências reguladoras para partidos aliados vai custar caro. Na volta do recesso, o Senado vai discutir como endurecer as exigências de pré-requisitos para os indicados. A ideia é incluir tempo de experiência de trabalho no setor e formação superior na área específica. As opções da presidenta da República ficariam mais restritas.
Charge
Cunha de olho na agricultura
Líder do PMDB e adversário do governo, o deputado Eduardo Cunha é o nome por trás das dificuldades do ministro da Agricultura, Antonio Andrade, para firmar-se no cargo. Cunha quer aproveitar a reforma ministerial para colocar Eduardo Quintão em seu lugar.
Planalto estuda rolezinho
Nem apoiar nem perseguir. A primeira decisão de uma reunião de quatro ministros para debater o “rolezinho” dos shopping centers de São Paulo é tentar entender o que eles querem. O governo quer ouvir muito
e falar pouco.
Marcado para morrer
O governador Cid Gomes estava pronto para dez dias de férias em Orlando com a família quando estourou um escândalo com o seu secretário da Casa Civil, Arialdo Pinho, que foi tesoureiro de suas campanhas e participa de vários negócios da família do governador. Pinho se recusa a sair do cargo.
Anões do orçamento voltaram?
Quem não perdeu a memória de um dos maiores escândalos da história do Congresso teme que as verbas carimbadas do pré-sal possam reproduzir o velho balcão de favores dos anões do orçamento. O dinheiro garantido para investimentos em saúde tem estimulado projetos de alto conteúdo financeiro e nenhuma consistência médica, gerando um ambiente carregado, em que senadores e deputados
de um mesmo partido já não falam entre si.
Dom Odilo tem força no MP
Afastado do banco do Vaticano pelo Papa Francisco, o arcebispo de São Paulo, dom Odilo Scherer, está a caminho de uma vitória diante dos alunos da PUC. Estudantes do curso de direito questionam a legalidade da indicação de um membro do Ministério Público para cargo de diretor-adjunto da faculdade. O caso foi parar no Conselho Nacional do Ministério Público, onde a votação está 3 a 0 a favor de dom Odilo. Basta um voto para a maioria. Em 2013, o arcebispo lutou em várias instâncias da Justiça pela nomeação da reitora da universidade, 3ª colocada na votação interna da universidade.
Toma lá dá cá
Netinho de Paula, secretário municipal de Igualdade Racial de São Paulo
ISTOÉ – A reação dos lojistas contra os rolezinhos tem conotação racista?
Netinho – Houve uma reação ao tumulto, que é legítima. Ninguém disse que não queria preto nos shoppings. Os jovens se sentiam confortáveis. O racismo começou com a ação da polícia.
ISTOÉ – A PM errou na abordagem dos jovens?
Netinho –A polícia trata a população de forma diferenciada e abusou. Conseguimos conversar com os jovens, que disseram só querer ir ao shopping para dançar. Identificamos um menino de 10 anos mobilizando sua galera pelas redes sociais.
ISTOÉ – Os rolezinhos são eventos sociais ou culturais?
Netinho – A maioria das análises a respeito é muito leviana. Os rolezinhos são um fato social complexo, mas temo que sejam capturados por movimentos políticos. Precisamos de medidas para unir a cidade, não queremos dois tipos de povo.
Rápidas
* Bancadas religiosas querem mudar a lei do divórcio. O texto prevê que se um dos cônjuges for julgado culpado pelo divórcio – em casos de violência ou adultério – perderá direito a metade dos bens adquiridos pelo casal nos regimes de comunhão parcial e total.
* O PT procura um marqueteiro para a campanha de Alexandre Padilha em São Paulo. Precisa entender-se com João Santana, o homem do marketing de Dilma, mas deve ter ideias próprias.
* O Supremo Tribunal Federal (STF) acaba de reforçar a frota de carros blindados. Se há anos mantém um contrato alto de aluguel em São Paulo, com Joaquim Barbosa a Casa firmou novo contrato, no Rio de Janeiro. O custo é de R$ 58,8 mil em cinco meses.
*Lotados na Casa Civil, dois funcionários completaram 20 anos de residência gratuita em apartamentos funcionais, onde se instalaram durante a Presidência de Fernando Collor de Mello.
Retrato falado
“Acho que as declarações do governador [Geraldo Alckmin] deveriam se traduzir em ações. Quanto mais rápido for esclarecido, melhor ao governo do Estado”, disse Paulo Itacarambi
O Instituto Ethos, que tem como um dos dirigentes Paulo Itacarambi (na foto), deixou na última semana o grupo de entidades da sociedade civil que acompanha as investigações da Corregedoria-Geral da Administração sobre o cartel dos trens de São Paulo. A entidade reclama de falta de colaboração do governo do Estado de São Paulo.
O troco do recesso
Sem cerimônia, quatro suplentes aproveitaram o recesso parlamentar para assumir o cargo de deputado com o Congresso vazio. Thiago Peixoto (PSD-GO), Eros Biondini (PTB-MG), Vilmar Machado (PSD-GO) e Renato Andrade (PP-MG) são os novos parlamentares do recesso. Apesar de a Câmara não ter nenhuma atividade legislativa neste mês, o tempo de mandato será contabilizado para a aposentadoria parlamentar e pagamento de benefícios após o mês corrido de “trabalho”.
Escondendo os diplomas
Deputados federais e estaduais do Rio de Janeiro foram orientados por assessores a evitar mencionar a Universidade Gama Filho em suas referências acadêmicas depois que a instituição foi descredenciada pelo Ministério da Educação por “baixa qualidade acadêmica”. Há ex-alunos da Gama Filho na bancada de pelo menos outro Estado: Mato Grosso do Sul.
Garfada na aposentadoria
Servidores aposentados que moram no Exterior se uniram para mobilizar parlamentares a aprovarem lei acabando com a tributação de 25% de seus benefícios. Na prática, só pelo fato de morarem fora do País os inativos têm um quarto de suas pensões garfadas pelo Fisco.
Colaboraram: Claudio Dantas Sequeira, Izabelle Torres e Josie Jerônimo
fotos: ED FERREIRA/ESTADãO CONTEúDO; Carlos Moura/CB/D.A Press