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Confira o vídeo sobre a exposição

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David Bowie poderia ser ator – e de certa forma é, pois atuou em 14 filmes. Seria também um ótimo cineasta, já que concebeu videoclipes antológicos. Artista plástico nem se fala: seus desenhos e telas impressionam pelo acabamento. O mesmo vale para a habilidade na criação de personagens. Mas David Robert Jones, nascido em Londres há 67 anos, optou por ser popstar. E justamente por fundir ao trabalho musical essas qualidades de artista completo é um dos nomes mais influentes da cultura contemporânea. Isso explica o sucesso da exposição “David Bowie Is”, a mais vista na história do Victoria and Albert Museum (V&A), de Londres, que chega ao Museu da Imagem e do Som (MIS), em São Paulo, no dia 31.

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MOSAICO
Os figurinos das turnês, mostrados ao lado de telões
de projeção HD com as imagens das apresentações:
tecnologia de ponta, que conta com headphone 3D

A retrospectiva sobre a carreira do roqueiro se encontra agendada para cinco capitais do mundo até 2016 e aporta no Brasil antes de cidades como Chicago e Paris. Ponto para o diretor do MIS, André Sturm, que garantiu as datas antes mesmo de o evento ser confirmado pelo V&A. “Foi em dezembro de 2011. Eu estava negociando outra exposição quando eles me disseram que iam fazer uma sobre Bowie. Disse logo: eu quero”, conta Sturm. A versão brasileira será basicamente a mesma vista por Pedro Almodóvar e Wim Wenders na capital inglesa: o único segmento ausente é o que contextualiza o surgimento do artista na Londres dos anos 1960. São, ao todo, 300 itens da coleção particular do músico (chamada David Bowie Archives, com mais de 75 mil peças), que reúne desenhos, telas, fotos, vídeos, trechos de filmes e shows, partituras musicais, manuscritos de canções, correspondências, esboços diversos e 47 figurinos originais usados em seus shows históricos. Eles mostram como a sua capacidade de reinvenção serviu de modelo para estrelas da música, de Prince e Madonna a Lady Gaga.

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As roupas de Ziggy Stardust, aquele que “fazia amor com o seu ego”, um dos muitos personagens inventados por Bowie, são posicionadas diante de cubos de espelhos que refletem apresentações do cantor. Uma prova de que a retrospectiva não se resume a um amontoado de velharias. Em primeiro lugar, a mostra foi concebida pelos curadores Victoria Broackes e Geoffrey Marsh como uma rede de conexões que situa o artista em um panorama maior. “É um exame em profundidade sobre como a sua música e o seu individualismo radical influenciaram correntes artísticas, o design e a cultura em geral e foram também por eles influenciados”, diz Marsh. Em movimento oposto, o arranjo das peças permite um mergulho no próprio processo criador do roqueiro. Um exemplo: o visual do disco “Heroes”, cuja capa deu origem a um autorretrato. No texto do catálogo, lançado pela Cosac Naify, a ensaísta Camille Paglia aponta que “a pose combina a imitação estilizada, feita por Nijinski, da pintura de um vaso grego com a cena de estigmas de ‘Um Cão Andaluz’ (filme de Luis Buñuel)” – o exemplo ilustra como Bowie deglutia a vanguarda e a oferecia em nova roupagem ao público pop. Em seu trabalho, “todas as belas artes e as artes populares se manifestaram”, escreve Camille.

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O que também faz de “David Bowie” (aqui a mostra perdeu o “Is”) um evento superlativo é a tecnologia usada e o tipo de imersão que possibilita. Além das projeções em HD do piso ao teto, será disponibilizado um headphone de áudio 3D desenvolvido pela empresa alemã Sennheiser, que aciona o som relativo ao objeto que se está vendo.

A empresa foi premiada pela inovação. Outro dispositivo dispara o áudio de um clipe quando o visitante pisa em um comando. Assim, além do precioso acervo, a mostra tem sido apontada como um marco ao incorporar a total potência do som na ampliação dos sentidos do espectador.

Fotos: Divulgação