De cano curto ou longo e com saltos que vão de dez centímetros de altura ao rés do chão, as botas chegam ao Brasil com força total neste inverno. Basta dar uma voltinha em lojas e shopping centers para notar que elas vieram mesmo para fazer os pés das brasileiras. Se há alguns anos a bota não passava de um sapato para usar à noite, o mesmo não se pode dizer nos dias hoje. Os modelos, as estampas e as cores são tão variadas que o calçado pode ser usado em plena luz do dia. “Muito mais do que um sapato, são um verdadeiro acessório. Dão um brilho a mais às roupas e, melhor, podem ser usadas o tempo todo”, comenta Adriane Galisteu. “Tenho uma há três anos que uso sem parar. É um curinga, fica bem com qualquer roupa”, conta a modelo.

De fato, há botas mais clássicas que vão com tudo. Outras nem tanto. Apesar da variedade, a moda no Hemisfério Norte e as novas vitrines brasileiras indicam que virão com mais força as botas de salto e cano bem altos. Essas requerem cuidado na hora de compor uma roupa. “Prefira as de cano longo com saias na altura do joelho ou com vestidos e parcas no mesmo comprimento”, aconselha Valdemar Iódice, criador de estilo da marca que leva seu sobrenome. “Essa composição alonga a silhueta, protege as pernas do frio e brinca com a sensualidade das saias”, completa Iódice. Quem pensa que saia com bota é traje clubber está enganado. “No século XVIII, as mulheres cavalgavam de vestido e escondiam suas canelas dos moços assanhados usando botas”, conta Mitie Shitara, professora de História da Moda na Faculdade Santa Marcelina.

Mas e nos dias mais frios? Será que dá para encarar uma saia? “Fizemos as calças dessa coleção outono-inverno com bocas mais largas para serem usadas com as botas de canolongo”, afirma o estilista da Zoomp, Renato Kherlakian. Mesmo assim, quem acha que bota para dentro da calça incomoda, tem outra opção: “As de cano curto caem bem com quase todos os tipos de calça e ficam parecendo um escarpin”, diz Kherlakian. Agora quem insiste nas de cano longo também pode apostar em um modelo de calças que conquistou a Europa nesse último inverno. São as chamadas “capri”, cujo comprimento termina um pouco abaixo da panturrilha e um pouco acima do tornozelo. Grosso modo, pode-se dizer que essas calças são o meio termo entre as cigarretes dos anos 80 e as calças pescadores que marcaram o verão passado.

Quanto aos modelos de bota do inverno 2000, tem para todos os gostos. Desde as clássicas countries até as mais esquisitas. Mas, mesmo com toda essa diversidade, dois materiais parecem estar ganhando na disputa pelos pés: o couro de cobra e o pêlo (sintético ou animal). Os fabricantes garantem que a extração das peles dos animais é feita com autorização do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). “Só podemos extrair o couro das cobras para o feitio das botas se o Ibama homologar. E nos períodos do ano que eles autorizarem”, afirma Valdemar Iódice. Além disso, vale lembrar que a mania de transformar bicho em sapato não é de hoje. “Por volta de dois mil anos antes de Cristo, homens que viviam no gelo passaram a usar peles de animais para cobrir a panturrilha e se proteger do frio. Foi assim que nasceu a bota”, conta Mitie Shitara.