Já faz alguns anos que as comemorações do golpe militar de 31 de março de 1964 estão confinadas nos quartéis. Afinal, com todos os percalços, o Brasil vive uma era de normalidade democrática sem precedentes. Mas neste ano, às vésperas do 36º aniversário do movimento, um personagem emblemático do finado regime militar deu sua contribuição para que a memória do que foram aqueles tempos sombrios não passasse em brancas nuvens. O general Newton Cruz, ex-chefe da Agência Central do SNI e ex-comandante militar do Planalto – aquele mesmo que gostava de montar num cavalo branco e dar bastonadas em carros de manifestantes antigovernistas –, veio a público denunciar uma conspiração para manter o regime quando este vivia seus estertores. Cruz, que está sendo denunciado por omissão no atentado do Riocentro, acusa o então candidato governista à Presidência, Paulo Maluf –, outro personagem emblemático, mas este da cultura política brasileira –, de lhe propor um golpe para impedir a vitória de Tancredo Neves no Colégio Eleitoral, em janeiro de 1985. A história dessa rocambolesca tentativa e seus patéticos personagens é contada nas págs. 36 e 37.

Já um prócer do regime de 64 que acabou embarcando na canoa de Tancredo, o senador Antônio Carlos Magalhães, começa a ver seu barco fazer água. Enfraquecido pela perda de apoio da Rede Globo e de FHC, a velha raposa política teve a cena roubada no Senado nesta semana quando o senador Jader Barbalho (PMDB-PA) o criticou por defender um salário mínimo maior que os R$ 151 fixados pelo governo, enquanto o ministro da Previdência, Waldeck Ornelas – afilhado político de ACM –, se alinhava com o Planalto. E em São Paulo, uma cria de Maluf, o prefeito Celso Pitta, luta desesperadamente para manter-se no cargo. ISTOÉ teve acesso a denúncias recebidas pelo Ministério Público de que o Executivo municipal estaria pagando “mesadas” para vereadores da base governista aprovarem projetos de interesse de Pitta. O escândalo é contado a partir da pág. 28.
Mas, felizmente, nem só de escândalos vive o leitor de ISTOÉ. A atriz americana Amy Irving, ex de Steven Spielberg e atual de Bruno Barreto, está encantada com o Brasil, onde veio divulgar o filme Bossa nova, dirigido pelo marido. Na entrevista a partir da pág. 112, ela conta como o contato com o País a transformou. E a reportagem Um novo caminho, a partir da pág. 96, mostra como terapias alternativas estão ajudando no tratamento contra o câncer e melhorando a qualidade de vida dos doentes.