05/04/2000 - 10:00
Muy amigos
A turma do PFL está tentando convencer o ministro Rafael Greca a concorrer a prefeito de Curitiba. A desculpa é que o atual prefeito, seu correligionário, tem poucas chances de vitória. Mas Greca escuta tudo desconfiado. Não sabe se os amigos fazem isso para apressar sua saída do Ministério ou se estão trabalhando para bani-lo de vez da política.
Sobrevôo de arapongas
O Centro de Inteligência do Exército, o famoso CIE, que na ditadura fazia parte do complexo de informações dos militares junto com o extinto SNI, voltou a atuar como antigamente. Há duas semanas investiga o sargento da reserva Abílio Teixeira, aquele que entrou com ações no Conselho de Ética do Senado pedindo a cassação de quatro senadores. O sargento soube que agentes do CIE estiveram em várias unidades levantando seu histórico militar.
Princípios éticos
Relator dos projetos hídricos para o Orçamento da União neste ano, o deputado José Lourenço (PFL-BA) diz que não teria como saber quais empreiteiras são responsáveis pelas obras incluídas nas previsões de gastos. Sobre nota publicada nesta coluna na semana passada, segundo a qual quase todos os recursos extras foram para quatro empresas, ele manda fax assinado pelo presidente da Comissão de Orçamento e representantes dos partidos governistas afirmando que seu relatório “teve como fundamento o atendimento a todas as bancadas dentro dos melhores princípios éticos e políticos”.
Política do faz-de-conta
Fora o bate-boca de ACM com Jader Barbalho, quarta-feira 29 no plenário do Senado, foi uma semaninha fraca no Congresso. Arrasta-se na Câmara a votação de cada artigo da reforma do Judiciário, enquanto o governo traça estratégias de esfriamento do ano legislativo até que os parlamentares passem a se dedicar às campanhas eleitorais municipais e não surjam mais marolas no horizonte. “É a política do faz-de-conta”, denunciava no Salão Verde da Câmara o deputado José Genoíno (PT-SP). “Discutimos meses a fio em uma comissão especial o valor do salário mínimo para, depois, o Executivo decidir por medida provisória; aqui agora só se votam projetinhos de consenso; as CPIs distraem a opinião pública com assuntos periféricos; só o que funciona é o Palácio, onde se urde a volta do parlamentarismo para perpetuar FHC no poder.” Se o grito de Genoíno tem fundamento ou não, o futuro dirá. Mas há uma estranha coincidência no ar: de ACM a Mário Covas, passando por José Serra, Pedro Malan, Tasso Jereisssati e Roseana Sarney, têm saído petardos do Palácio contra todos os possíveis candidatos.
“Só indignidade e falta de compostura fariam o PT ficar no governo do Rio”
Do deputado Milton Temer (PT-RJ) sobre os colegas de partido que defendem a manutenção do apoio a Anthony Garotinho
Rápidas
* Tem o dedo do tucano José Richa na transferência dos bingos do Ministério dos Esportes para a Caixa Econômica Federal. Richa é conselheiro da Racimec, empresa que cuida de loterias para a CEF.
* Líder do PSDB na Câmara, Aécio Neves está contra a privatização de Furnas. Pediu ao presidente Fernando Henrique que a venda da estatal seja adiada pelo maior tempo possível.
*O coronel Wilson Machado, da bomba do Riocentro, vai ser julgado na Auditoria Militar do Rio, e não mais no STM. A acusação é de responsabilidade na morte do sargento Guilherme do Rosário.
Saia justa
Na quarta-feira 29, o presidente do PT, José Dirceu, telefonou para Anthony Garotinho marcando um encontro no Rio. Iniciou a conversa assim: “Como vão as coisas por aí?”
O governador respondeu que estava tudo muito bem. Dirceu não resistiu: “Pera aí, eu não sou da imprensa. Pode falar a verdade.”
