Quem tem pouco quer mais e quem tem muito quer menos. Desde que o mundo é mundo, a fantasia dos seios perfeitos alimenta o imaginário feminino. Se existisse mágica capaz de mudar instantaneamente a anatomia da natureza, grande parte das mulheres não hesitaria em lançar mão dela. Nos últimos 20 anos, a cirurgia plástica se encarregou de transformar sonhos em realidade e concedeu o direito de desfrutar de seios que feitiço algum proporcionaria. O problema é que entrar no bisturi sai caro – no mínimo R$ 2 mil – e exige sacrifícios. Mas os atalhos na busca do seio ideal são cada vez maiores. A indústria de lingeries nunca esteve tão competitiva e, graças a ela, é possível encontrar os seios do tamanho do desejo, sem precisar encarar hospital, cirurgias e cicatrizes. Mais: podem-se trocá-los como quem troca de calcinhas, ou melhor, de sutiãs, dependendo da ocasião ou do humor. As peças que têm invadido as lojas estão cheias de artifícios e tecnologias.

Entre os “sutiãs-solução”, despontaram aqueles com bojos que aumentam significativamente o volume dos seios. Em vez da antiga espuminha, diferentes marcas (leia quadro) estão começando a usar silicone, gel ou até mesmo água e óleo para criar o famoso “efeito estufa”. Há quem diga que é propaganda enganosa. O que importa é que mulheres com seios pequenos podem aumentar o tamanho em até dois manequins. A textura também é tão parecida com a dos seios verdadeiros – garantem os fabricantes –, que ninguém nota a diferença.

A assistente de marketing Mara Vieira, 26 anos, é uma das fãs do bojo de água e óleo. Seu manequim é 40/42, considerado pequeno, e ela costuma usar o sutiã toda vez que coloca uma blusinha cavada ou que marque muito os seios. “Além de aumentar de volume, eles ficam com um formato bonito. Digno de elogios”, admite Mara. É, mas para evitar vexames, é preciso ter certo cuidado com eles. “Unhas afiadas e broches próximos à região dos bojos são desaconselháveis”, avisa Michele Liu, gerente de marketing da Valisère. A empresa foi a precursora brasileira a investir no bojo de água e óleo associado às alças transparentes de silicone. “O sucesso das alças de silicone no verão foi tão grande que resolvemos unir as duas fórmulas. Agora as mulheres podem ter seios maiores e ninguém percebe que estão usando sutiã”, diz Michele.

Sucesso – Os sutiãs que dão volume são vendidos nos Estados Unidos há mais de um ano e chegaram ao Brasil no final de 1999. “Pelo sucesso que fizeram na feira, eles devem aumentar significativamente a venda de lingerie no País este ano”, diz a coordenadora da Intima/Intimatex, Ana Flores. Segundo a Associação Brasileira de Indústria Têxtil (Abit), a expectativa de Ana tem tudo para se confirmar. O mercado de lingerie cresceu 12% de 1998 para 1999. No ano passado, estima-se que foram comercializadas pelo menos 600 milhões de peças (um terço delas de sutiãs), o que resultou num faturamento de R$ 2,1 bilhões. Para este ano, a Abit espera um retorno ainda maior, cerca de 15% superior a 1999.

Para quem quer esconder a fartura, também há opções. Apesar da moda dos seios grandes, o número de mulheres infelizes com o “excesso” de peito é expressivo e constitui um excelente filão no mercado de peças íntimas. Foi por isso que a grife americana Maidenform desenvolveu há três anos o Minimizer. Como já diz o nome, ele minimiza o tamanho e está na lojas brasileiras desde o começo do ano. O Minimizer funciona apertando os seios sem sufocar a mulher. “Uso esse sutiã quando quero amenizar o tamanho. Miniblusas superevalorizam o peitoral e o Minimizer atenua, criando um efeito legal”, explica a modelo Geise Strauss, 24 anos. Geise gosta tanto de variar de seios que tem pelo menos 30 sutiãs de diferentes medidas e formatos. “Às vezes, quero um seio mais marcante, ousado. Então escolho um sutiã com bojo. Quando quero discrição, aposto no Minimizer”, diz.