A globo pós-ACM

Não é só o futuro de Antônio Carlos Magalhães que está nas mãos das Organizações Globo. Nesta semana, o assunto em pauta na família Marinho é outro: o destino de um projeto de emenda constitucional elaborado pelo então deputado Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), hoje secretário-geral da Presidência. Trata-se da proposta de abertura do País à entrada de capital estrangeiro nas empresas de comunicação. Por insistência da Globo, o projeto original, que promovia uma ampla abertura, foi alterado pelo relator, o deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), estabelecendo limites mais rígidos à participação de empresas estrangeiras na mídia brasileira. Nesta terça-feira, Henrique Eduardo Alves, cujo pai tem uma repetidora da Globo no Rio Grande do Norte, tem almoço marcado com os filhos de Roberto Marinho. Vão decidir se finalmente o projeto, mesmo limitado, pode entrar na pauta de votações do plenário da Câmara. “Ouvi dizer que a Globo gostaria de protelar. Como eles são fortes e eu quero aprovar a proposta, resolvi conferir se a informação é verdadeira. De minha parte, não há motivo para alterarmos o acordo que já havíamos firmado”, explica-se o deputado peemedebista.

“Prostíbulo” na pauta

A Comissão de Ética do Senado recebeu no final do expediente da quinta-feira 16 nova representação contra o senador Antônio Carlos Magalhães. O deputado estadual Paulo Ramos (PDT) aponta a quebra do decoro parlamentar de ACM, que numa defesa desesperada, disse que nada tem a ver com o “prostíbulo” da família Pitta. Amigos do senador dizem que ele já se arrependeu de ter usado termo tão chulo.

Tratoradas de Malan

De nada adiantou o deputado Rodrigo Maia (PTB-RJ) enviar um requerimento oficial da Câmara cobrando informações ao Ministério da Fazenda sobre os motivos que levaram o Previ, fundo de pensão do Banco do Brasil, a vender suas ações na Itausa através do banco Garantia. O normal, segundo o deputado, seria utilizar a BBTVM, distribuidora de títulos do próprio Banco do Brasil. O ministro Pedro Malan simplesmente respondeu que o Legislativo não tem legitimidade para cobrar esse tipo de coisas da Previ.

“Basta o relator dar o sinal verde que coloco imediatamente em votação”
Do presidente da Câmara, Michel Temer, sobre o projeto de emenda constitucional que abre a mídia para o capital estrangeiro.

Rápidas

* A Linha Verde, auto-estrada ligando Salvador, na Bahia, a Sergipe por 260 quilômetros de praia, foi privatizada. Venceram as empresas que todo mundo esperava: as baianas OAS e Odebrecht.

* Proposta singela do deputado Luiz Carlos Hauly para o teto salarial dos deputados: “Basta estabelecermos que cada um de nós terá verba fixa anual, incluindo passagens e gabinete. Digamos R$ 600 mil.”

* Recordar é viver: uma única vez ACM rompeu com seu ultra-aliado José Sarney. Quando o então presidente da República almoçou com Roberto Marinho sem consultar seu ministro das Comunicações.