Hollywood acaba de eleger seu novo mito. Ora loira, ora morena, dona de insolentes olhos azuis-esverdeados e lábios carnudos como uma Brigitte Bardot em fase cintilante, a californiana Angelina Jolie, 24 anos, tem ganho as manchetes das revistas americanas que a anunciam como “a próxima sensação”. Quando toda a mídia resolve fazer um elogio em coro, o recado se torna claro. Significa, então, que a filha do ator Jon Voight, grande favorita no domingo 26 ao Oscar de melhor atriz coadjuvante por sua interpretação em Garota, interrompida (Girl, interrupted, Estados Unidos, 1999) – com estréia nacional prevista para o dia 7 de abril – está pronta para virar o mais novo objeto de desejo. Mais ainda, ao se levar em conta suas recentes atuações, como no thriller O colecionador de ossos – um dos grandes sucessos da temporada, há oito semanas em cartaz –, a atriz também se coloca como uma das grandes promessas de talento nas telas. No filme em que contracena com Denzel Washington, por exemplo, ela eleva a temperatura da trama insossa a cada vez que empunha o revólver vivendo uma esguia policial nova-iorquina às voltas com assassinatos horrorosos. Em Garota, interrompida é um arraso interpretando Lisa, adolescente desajustada que inferniza um asilo psiquiátrico americano dos anos 60. O papel principal é de Winona Ryder, outra paciente mergulhada em crises depressivas. Mas toda vez que a câmera se volta para Angelina Jolie algum milagre cinematográfico acontece.

Hormônios – Numa recente enquete da revista americana Premiere, foi escolhida como a atriz que as pessoas mais desejam ver em cenas eróticas. De olho nas pesquisas e na força dos hormônios adolescentes, a Paramount Pictures não teve dúvidas ao fechar o elenco de Tomb raider, a aguardada adaptação para o cinema de um dos mais populares videogames, que começa a ser rodado no segundo semestre deste ano. Não é preciso dizer quem vai encarnar Lara Croft, a sexy heroína cyber. No embalo do sucesso, até o final do ano a ex-modelo poderá também ser vista ao lado de Nicolas Cage, em Gone in sixty seconds, e de Antonio Banderas na fita de época Dancing in the dark, ambas ainda sem título em português.

Ao ver Angelina Jolie atuando, uma executiva de um grande estúdio foi certeira na avaliação. “Ela é a versão feminina de James Dean.” Exageros à parte, a bajulação não é de todo absurda. Além da entrega apaixonada aos personagens que encarna – uma coleção de mulheres nada banais –, tem lá seu lado rebelde. Criada longe do pai famoso, aos 16 anos saiu de casa. Casou-se aos 20, enfiada numa calça de borracha preta e numa camisa branca com a inscrição em sangue do nome do noivo, o aloprado ator britânico Jonny Lee Miller, de Trainspotting – sem limites. O juramento eterno durou apenas dois anos. Tempo bem longo para quem se diz abertamente bissexual. Até porque não deve ser fácil para um homem conviver com uma garota impulsiva, cujo hobby favorito é colecionar facas, usadas, inclusive, em jogos sexuais. Bem-humorada, Angelina desmente os comentários maledicentes. “Tenho realmente uma faca ao lado da cama, mas a uso apenas para abrir cartas.” Sempre na ordem indireta, ainda comentam que ela afirma gostar de drogas, até as pesadas como heroína.

Personalidade é o que não falta à moça, que já fez 13 filmes e deu o ar da graça em vários videoclipes, entre eles Anybody seen my baby?, dos Rolling Stones. No entanto, Angelina só foi levada a sério há dois anos, quando encarnou a modelo Lia Carangi no telefilme Gia, biografia de uma manequim lésbica, viciada em heroína, que morreu de Aids em 1986. Paralelamente, apesar das pequenas participações, destacou-se interpretando a geniosa mulher de um controlador de vôos em Alto controle e a carente clubber de Corações apaixonados, que se sobressai em cena mesmo tendo como pais os gigantes Sean Connery e Gena Rowlands. “Escolho papéis que de alguma forma refletem meu desenvolvimento pessoal”, afirma a atriz, que costuma marcar os momentos importantes da sua vida com curiosas tatuagens em lugares estratégicos do corpo. Ao todo, já são oito. Abaixo do umbigo, por exemplo, exibe a expressão latina “quod me nutrit me destruit” (o que me alimenta me destrói). Num dos bíceps, lê-se: “Compaixão pelo coração selvagem, preso na gaiola”, creditada a Tennessee Williams, que ela mandou desenhar por causa de Lisa, personagem de Garota, interrompida. Fiel à fama de bad girl, recentemente recusou convite para estrelar a adaptação para o cinema do seriado As panteras (Charlie’s angels). Disse que a história não tinha nada a ver com ela. De anjo Angelina Jolie só tem mesmo o nome.