"A Teresa está sendo mais fotografada do que a Xuxa.” A frase, sussurrada pelo alemão Gerd Schwartz em meio a um intenso espocar de flashes, na quarta-feira 15, estava carregada de ironia. Pela décima vez em menos de três dias, a economista italiana Teresa Ter-Minassian, chefe de uma missão rotineira do Fundo Monetário Internacional (FMI), recebeu um tratamento digno de pop-star. Tímida e resignada, ela tentou desviar dos fotógrafos, que insistiam em registrar sua palidez, seu penteado rebelde e suas roupas estampadas. Mas Teresa não deixou de notar a brincadeira do subordinado, feita pouco antes de uma reunião com a diretoria do Banco Central (BC). Duas horas e meia depois, já na saída, deu o troco. “Nós gostamos mesmo é de comer comida capixaba e baiana, com bastante pimenta”, disse Teresa a ISTOÉ, numa curiosa revelação sobre o heterodoxo paladar dos sempre tão ortodoxos funcionários do FMI. Na verdade, ali, a chefe da missão devolvia o gracejo de Schwartz. Assim que chegou a Brasília, no domingo 12, o alemão encarou uma apimentada moqueca capixaba, sem medir os riscos dessa perigosa incursão culinária. Resultado: dois dias depois, Schwartz foi obrigado a ir à noite a um supermercado comprar frutas e água para tentar se recompor.
O relacionamento descontraído entre os representantes do FMI, uma equipe composta por quatro economistas, além de Teresa Ter-Minassian, também indica uma aparente lua-de-mel com o governo brasileiro, que vem cumprindo tintim por tintim as metas combinadas no acordo de socorro cambial. Ficaram para trás as brigas e rusgas. Como as que levaram, no primeiro semestre de 1999, o pacato e contido Amaury Bier, secretário-executivo do Ministério da Fazenda, a interromper uma reunião com o FMI para dar uma bronca em Teresa Ter-Minassian, fazendo-a engolir uma empáfia típica dos burocratas de Washington. Arrogância que já não tem mais razão de ser. A importância das missões do FMI que atualmente vêm ao Brasil está longe de ser a mesma daquelas dos anos 80, quando a economia do País oscilava de acordo com o humor da então todo-poderosa Ana Maria Jul. Sua sucessora, Teresa tem um trabalho muito mais burocrático do que decisivo, apesar de ser uma voz importante no comando do FMI. “Desafortunadamente, nunca tenho tempo para passear por aqui. São sempre muitas reuniões e trabalho até a madrugada”, reclama Teresa, responsável por fiscalizar o cumprimento do acordo. Instalados num luxuoso hotel da capital, com despesas diárias de R$ 2 mil para o grupo, os economistas do Fundo encarnam os típicos caxias. “Nos últimos dez meses, só os vi uma vez bebendo um copo de chope”, conta uma pessoa próxima à missão.