Há uma nova palavra em evidência no efervescente dialeto da Internet. A senha que agora abre portas atende pelo nome de “incubadora”. Nunca ouviu falar? Você não é o único. Esse tipo de empresa, já comum nos Estados Unidos, começa a proliferar no Brasil. Como incubadoras hospitalares, cuja função é proteger e ajudar bebês prematuros a crescer em condições adequadas, as incubadoras de empresas de Internet se propõem a transformar projetos para a rede em exemplos de sucesso. A “mãozinha” inclui injeção de capital, uma consultoria para orientar o desenvolvimento do negócio e, em muitos casos, a cessão do espaço físico e dos equipamentos necessários para dar a partida (computadores, linhas telefônicas, etc.). Claro que o empurrão tem seu preço. A incubadora torna-se sócia desses projetos, e sua participação acionária normalmente varia conforme os recursos investidos. Depois de alimentar o rebento e vê-lo crescer, a incubadora sai de cena. É nessa hora que ganha dinheiro; pode vender a sua participação ou abrir o capital da incubada.

Para se ter idéia do que as incubadoras podem significar para os empreendedores brasileiros, basta dar uma espiada no exemplo americano. Lá, uma das incubadoras mais admiradas é a idealab!, presente em mais de 50 empresas de Internet. Na semana passada, a companhia anunciou que levantou mais de US$ 1 bilhão para investir em novos projetos. A idealab! é responsável, por exemplo, pela geração de sete empresas que já têm ações negociadas na Nasdaq, como eToys, GoTo.com e CitySearch. Juntas, elas valem mais de US$ 10 bilhões. É um negócio tão atraente que até mesmo bancos começam a entrar no páreo. Um deles é o J.P. Morgan, que no início desse mês lançou nos Estados Unidos o LabMorgan, justamente para atuar como uma incubadora. O banco já reservou mais de US$ 1 bilhão para investir em negócios eletrônicos este ano, especialmente em empresas que estejam no estágio inicial.
No Brasil, ninguém se arrisca a prever quanto as quase 20 incubadoras devem movimentar esse ano, mas ninguém duvida que essas empresas vão continuar ganhando terreno. O diretor da consultoria PricewaterhouseCoopers Luiz Eduardo Viotti, não titubeia: “Se eu fosse empreendedor procuraria alguém disposto a me incubar”. Por isso, dezenas de propostas desembarcam diariamente nas incubadoras brasileiras, mas o funil que determina quais serão as escolhidas é muito estreito. A Bainlab, incubadora da consultoria Bain & Company que iniciou suas atividades no Brasil este ano, avisa que não aceita novos projetos até o final do primeiro semestre. “Na Inglaterra, onde a incubadora começou a operar em outubro de 1999, a média é de uma aprovação para cada 100 propostas enviadas. Aqui essa proporção deverá se repetir”, calcula o vice-presidente André Castellini.

Não é uma situação exclusiva da Bainlab. A InternetCo Investments, primeira empresa a financiar e administrar projetos de Web no Brasil, já recebeu mais de 1.200 propostas desde agosto do ano passado. O primeiro a sair do papel foi a OneClick, em setembro de 1999, que produz um software para comércio eletrônico. “Investimos US$ 250 mil e hoje a OneClick está avaliada em US$ 100 milhões”, comemora Luís Roberto Demarco, CEO da InternetCo. Há quem diga que a valorização está superdimensionada (veja box). Pode ser, mas o fato é que o volume elevado de projetos embrionários que a InternetCo recebe acabou obrigando a empresa a remodelar sua estrutura. Em janeiro, o The Exxel Group, fundo que tem cerca de US$ 4,4 bilhões investidos na América do Sul, abocanhou 70% da empresa, por um valor não divulgado. No próximo dia 27, a empresa vai anunciar o nome da nova incubadora que vai operar no Brasil e Argentina. A estratégia é clara: a InternetCo deixa de ser uma incubadora para se tornar uma holding de Internet (já tem quatro empresas). E a nova incubadora será a principal fornecedora de novas empresas para a holding.