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A presença do presidente da Dassault, Éric Trappier, na comitiva do francês François Hollande durante visita ao Brasil na semana passada poderia passar como um fato absolutamente normal, já que em eventos como esse é necessário que ocorram encontros de empresários de ambos os países em busca de acordos comerciais. Também seria natural que nos encontros oficiais, com a presidenta Dilma Rousseff e seus auxiliares, Hollande e Trappier procurassem retomar os entendimentos com o Brasil para vender o Rafale, caça supersônico produzido pela Dassault e que já foi tido como o favorito na disputa pela modernização da Força Aérea Brasileira. No entanto, o empenho dos franceses em vender seu peixe passou dos limites e se tornou inconveniente quando a questão deixou os gabinetes e passou para as salas de visitas em conversas particulares com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Uma evidente tentativa de buscar pressionar a presidenta Dilma, pois, como é sabido, Lula foi o principal defensor do Rafale.

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Apesar do apoio do ex-presidente e da prometida transferência de tecnologia, o avião francês nunca contou com a aprovação da FAB e dos setores econômicos do governo, por ser o mais caro entre os concorrentes tanto na aquisição como na manutenção. Além disso, caso optasse pelo caça francês, o Brasil teria de refazer boa parte de seus hangares. Apesar dos acertos com a França, Lula deixou a decisão para Dilma, que tem outros planos. Até dois meses atrás, era dada como certa a compra dos caças americanos F-18. Um acordo com o presidente Barack Obama havia assegurado a transferência de tecnologia desejada pelo Brasil. O negócio só não foi anunciado por causa do escândalo das espionagens americanas, e Hollande busca agora se aproveitar disso. Na Aeronáutica, porém, nossos aviadores avaliam que chegou a hora de o governo considerar a compra do sueco Gripen, um avião que poderá ser desenvolvido em boa parte no Brasil. Mário Simas Filho