Acabou sendo só uma visita de cortesia: nada foi oferecido pelo Brasil e, surpreendentemente, nada foi pedido pelos Estados Unidos. A passagem do general Charles E. Wilhelm, chefe do Comando Sul dos EUA, por Brasília na quinta-feira 9, resumiu-se a reuniões protocolares do general com o ministro da Defesa, Élcio Álvares, os comandantes da Marinha, almirante Sérgio Chagastelles, do Exército, general Gleuber Vieira, e da Aeronáutica, brigadeiro Werner Brauer, e com o embaixador Ivan Canabrava, no Itamaraty. Wilhelm, que agora comanda da Flórida as tropas do Comando Sul, foi bem assessorado pelos diplomatas americanos no Brasil. Ele já sabia que não adiantava tentar negociar uma presença militar dos EUA no País. "O Brasil não aceita uma estratégia americana, assim como não encara de modo positivo a possibilidade de uma operação de tropa americana na Amazônia", afirmou o brigadeiro Sérgio Ferolla, do Supremo Tribunal Militar. "Os EUA procuram adotar novos mecanismos de controle no Cone Sul e os objetivos geoestratégicos do governo americano se tornariam mais viáveis através de uma cooperação mais estreita com o Brasil", afirma o pesquisador do Núcleo de Estudos Estratégicos da Unicamp, coronel Geraldo Cavagnari.

Seja como for, a vinda do general ao País mostrou-se infrutífera a essa estragégia. A única coisa que Washington conseguiu foi a permissão para ter duas pistas para reabastecimento de seus aviões de vigilância, especialmente contra o tráfico de drogas, em Aruba (Caribe) e no Equador. Com a subida de Hugo Chávez no poder, a Venezuela foi o primeiro país a rechaçar Wilhelm, o segundo chefe militar americano a fazer uma viagem frustrada à América do Sul. Antes dele, o czar antidrogas do EUA, Barry McCaffrey, que já havia sido chefe do Comando Sul, estivera no mês passado pela América Latina, incluindo o Brasil, sem sucesso algum na ampliação da presença militar dos EUA no continente.