Bebês prematuros nascem tão miudinhos e frágeis que às vezes até as próprias mães têm receio de tocá-los. Muitas vezes pesando menos de 700 gramas, eles de fato são muito delicados – por isso devem permanecer na incubadora até que atinjam cerca de dois quilos. Mas o contato físico já é fundamental mesmo nessa fase. Além dos benefícios psicológicos, um tipo especial de toque pesquisado pela médica brasileira Elvidina Adamson-Macedo vem se destacando como grande aliado no desenvolvimento físico do prematuro. Chamado terapia TAC-TIC, o método começou a ser criado por Elvidina no início da década passada, quando foi fazer doutorado na Grã-Bretanha, e teve seus resultados divulgados recentemente no Brasil.

O nome engraçado da técnica vem das palavras Touching and Caressing – Tender in Caring (algo como tocando e acariciando – cuidando com ternura). O TAC-TIC é um conjunto de 22 toques feitos em todas as partes do corpo, começando pela cabeça até os pés. Alguns são realizados com a palma da mão e outros com as pontas dos dedos. O terapeuta deve ensiná-lo aos pais, para que eles continuem em casa e intensifiquem o contato com o bebê. Mas não se deve confundir o método com massagem. "Esta comparação atrapalha a compreensão da terapia. Massagens são toques que agem sobre a musculatura. O TAC-TIC age no nível das terminações nervosas na pele", explica Elvidina.

Os benefícios comprovados do TAC-TIC derrubaram a crença de que o melhor é manter o prematuro livre de qualquer contato com o mundo, que poderia trazer riscos para sua saúde. Pelo contrário. Com os toques nas terminações nervosas, acredita-se que ocorra o aumento na produção da betaendorfina, um anestésico natural. A partir daí, desencadeia-se uma série de reações que terminam no fortalecimento do sistema de defesa do organismo do bebê, redução de suas dores e diminuição do stress, entre outros benefícios observados.

A terapia é utilizada em alguns hospitais na Grã-Bretanha e está sendo experimentada no Hospital Universitário da Universidade Federal Fluminense, em Niterói. Em São Paulo, o berçário do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo também já oferece o TAC-TIC. Sandra Araújo, 25 anos, que deu à luz Lucas há pouco mais de um mês, aprovou o método. Seu filho nasceu com 28 semanas pesando 640 gramas e ficou 15 dias na Unidade de Terapia Intensiva. Quando foi para a incubadora, a mãe aprendeu a tocá-lo. Ela vai diariamente acompanhar o crescimento do filho. "Quando ele está agitado, e o toco, ele fica mais calmo. Sinto que ele gosta", conta ela, contente com o aumento de peso de Lucas, que está com 1,1 quilo e deve deixar o hospital em um mês.