O bode
Todo mundo está de olho nos pedidos de prorrogação de aumentos de impostos, até 2002, que o governo enviou ao Congresso, atingindo o FEF, o Imposto de Renda das Pessoas Físicas e a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido das empresas. Diz-se que o Congresso não está disposto a votar medidas antipáticas e que aí é que estará o nó da dificuldade no relacionamento de FHC com sua base parlamentar. Não é bem assim. Esses três pedidos são como aquela história do bode que o sujeito foi aconselhado a colocar na sala de seu pequeno apartamento. Depois, quando tirou o bode da sala, sentiu como era agradável seu cubículo. As prorrogações são como o bode. O Congresso pode tirá-las à vontade do Orçamento. O governo só quer uma coisa: que fechem as contas. Se será por outras fontes de arrecadação, via reforma tributária, ou seja lá o que for, tanto faz.

 

Exemplo de casa
O ex-deputado Adroaldo Streck (PSDB-RS) e pelo menos outros 14 colegas entraram com ação na Justiça contra a contribuição previdenciária dos inativos do setor público, aprovada pelo Congresso no início do ano. Até aí, tudo bem, é só uma questão de incoerência: Adroaldo e seus amigos votaram a favor da contribuição e agora entram com ações para garantir o seu. Só que, no caso do tucano, tem um probleminha a mais: ele está trabalhando como assessor parlamentar do Palácio do Planalto. Vai dar encrenca.

 

Questão de ética
Na próxima quarta-feira 15, o Supremo Tribunal Federal deve julgar ação do deputado Waldir Pires (PT-BA), segundo a qual ele perdeu a eleição para Waldeck Ornelas (PFL), na vaga de senador em 1994, por fraude eleitoral. Se Waldir vencer, FHC estará em palpos de aranha: vai manter um ministro que, de acordo com o STF, teria sido eleito fraudulentamente para o Senado? O problema aí é que esse ministro é indicado por ACM, justo quem mais tem colocado em xeque a autoridade do presidente.

 

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Receitas
Na parte reservada da reunião ministerial, Jader Barbalho se definiu como um "médico generalista" para palpitar à vontade sobre as áreas do governo que considera ineficientes. Fernando Henrique aproveitou a deixa e se qualificou como um "ortopedista". Não foi nem necessário explicar que se tornou um especialista na área pelo tratamento das fraturas na base aliada e no governo.

R Á P I D A S
– Tem gente no Planalto dizendo que a demissão de Clóvis Carvalho também serve de aviso ao ministro José Serra. É que ele não foi à reunião de consagração do todo-poderoso Malan. Estão previstos embates entre Saúde e Fazenda logo, logo.

– O prefeito Luiz Paulo Conde se livrou de César Maia no PFL do Rio, mas pode encontrar uma nova pedra no sapato. É que o presidente regional do partido, deputado Rubem Medina, também já anda sonhando em disputar a prefeitura.

Por Tales Faria – Colaborou Andrei Meireles


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