Silvio Berlusconi foi um dia o homem mais poderoso da Itália. Dono de um império da mídia, o magnata tem uma fortuna estimada em US$ 6,2 bilhões e controla, entre outras coisas, os três principais canais de tevê privada, uma editora de livros, um jornal e um time de futebol, o Milan. Berlusconi também tinha a confiança dos italianos. Ocupou cargos públicos por mais de duas décadas e, nesse tempo, foi três vezes primeiro-ministro. Na semana passada, no entanto, ele foi reduzido à sombra de um passado glorioso. O Senado italiano votou a favor de sua expulsão. Com a perda de direitos políticos, o ex-premiê não poderá mais ocupar cargos públicos por dois anos nem disputar eleições nos próximos seis anos. Berlusconi, afinal, também era velho conhecido dos tribunais do país. Envolvido em inúmeros processos, que vão desde abuso de poder à acusação de pagar por fazer sexo com menores de idade, ele foi condenado por fraude fiscal há três meses pelo Supremo Tribunal da Itália. Agora, o Parlamento fez valer a lei que cassa o mandato de políticos condenados a penas acima de dois anos.

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RESISTENTE
Para Berlusconi, a cassação não representa seu ocaso político

“Um período de 20 anos é concluído”, disse o senador e ex-aliado Pier Ferdinando Casini em seu discurso no Parlamento. Um grupo de militantes com bandeiras e cartazes que foi às ruas na semana passada em solidariedade a Berlusconi discorda. Dirigindo-se ao povo, o empresário classificou a quarta-feira 28 como um “dia amargo, um dia de luto pela democracia”. Na mesma data, ele anunciou que esse não seria o fim de sua carreira política. Na véspera, o agora ex-senador retirara o apoio de seu rachado partido de centro-direita, o Forza Italia, à coalizão comandada pelo primeiro-ministro Enrico Letta, de centro-esquerda. Ainda assim, o governo de Letta conseguiu um voto de confiança para o orçamento de 2014. Karima El Mahroug, ou só Ruby, protagonista de um escândalo sexual que marcou o início do declínio político do ex-premiê, deve ter gostado das notícias. Sem a imunidade parlamentar, o outrora todo-poderoso Berlusconi nunca esteve tão vulnerável.

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PROTESTOS
Manifestantes de direita foram às ruas defender o ex-premiê

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Fotos: Alessandra Tarantino/AP Photo; Andrew Medichini/AP Photo