Na última semana, cientistas espanhóis anunciaram uma das maiores conquistas obtidas até hoje na área da engenharia de tecidos. Um time de pesquisadores da Universidade de Granada conseguiu criar uma espécie de pele artificial usando como matéria-prima básica células-tronco extraídas de cordão umbilical. O feito abre uma nova perspectiva principalmente no tratamento de queimaduras graves, algo ainda de enorme complexidade para a medicina.

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Desde que foi descoberta a versatilidade das células-tronco – capazes de se transformar em diversos tecidos –, muito se especulou a respeito de seu poder de gerar pele. Até agora, no entanto, ninguém havia comprovado que células-tronco retiradas de cordão umbilical humano poderiam ser usadas com essa finalidade. Ao provar que isso é possível, os espanhóis apresentaram ao mundo a possibilidade de produção de pele artificial a partir de um ingrediente presente em material farto e disponível, o cordão umbilical, do qual podem ser extraídas as células-tronco de forma relativamente simples.

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Líder do estudo, Campos acredita que a nova pele poderá ser usada
para tratar pacientes que acabaram de sofrer queimaduras

Além disso, os queranócitos – as células de pele geradas a partir das células-tronco (leia mais no quadro) – podem ser estocados. Na prática, isso significa que poderão ser usados sempre que for necessário, na hora em que for preciso. “Criar esse novo tipo de pele com células-tronco e poder armazená-la nos dá a possibilidade de utilizá-la instantaneamente para tratar lesões que acabaram de ser feitas”, disse à ISTOÉ Antonio Campos, coordenador do trabalho. Hoje, uma das formas de tratar queimaduras graves é multiplicar em laboratório queranócitos tirados das vítimas e colocar o novo tecido sobre a área atingida. Esse processo, porém, leva semanas para ser concluído.

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Os pesquisadores preparam um estudo para testar a eficácia da pele em humanos. No Brasil, o cirurgião plástico José de Faria, membro fundador da Sociedade Brasileira de Queimaduras, vê o trabalho com otimismo, mas ressalta que será necessário aguardar algum tempo para que o método fique disponível. “É um passo importante. Mas teremos de esperar mais alguns anos até que possa vir a ser usado na prática.”