Assista ao trailer:

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Uma despedida de solteiro, quatro amigos de infância e o cenário babilônico de Las Vegas, a cidade do pecado. Esse filme já foi feito, a não ser por um detalhe que muda tudo: o quarteto com disposição para varar a noite em reluzentes hotéis-cassino é formado por senhores na casa dos 70 anos. Apelidado nos EUA de “Se Beber, Não Case: Versão Terceira Idade”, o longa “Última Viagem a Vegas”, em cartaz na sexta-feira 6, traz outro diferencial ao reunir, pela primeira vez, quatro atores do primeiro time – Morgan Freeman, 76 anos, Robert De Niro, 70, Michael Douglas, 69, e Kevin Kline, 66. A promessa de riso fácil, contudo, logo se frustra. A comédia com pinceladas de drama, na verdade, joga um banho de água fria na bizarra busca de prazer mostrada na milionária série “The Hangover”. E toca, mesmo que involuntariamente, na situação dos astros veteranos que, aceitando atuar numa paródia de um sucesso voltado para o público jovem, provam que os bons papéis estão cada vez mais escassos para atores nessa faixa de idade – e tarimba.

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ESTRELAS
Morgan Freeman, Michael Douglas, Robert De Niro
e Kevin Kline: juntos pela primeira vez

O diretor Jon Turteltaub, da série “A Lenda do Tesouro Perdido”, tenta matreiramente desvincular um filme do outro. De fato, nos EUA a “cidade de neon” é o destino clássico de quem quer dar adeus aos anos de solteiro em razão da legislação frouxa em relação aos jogos e à prostituição. Mesmo assim, a associação só fez bem à comédia, que estreou em terceiro lugar no país e já faturou US$ 60 milhões.

A história tem suas semelhanças com as trapalhadas do “bando de lobos” de Zach Galifianakis. Ao saber que Billy (Douglas) vai finalmente se casar (e com uma garota de 30 e poucos anos), os amigos Paddy (De Niro), Archie (Freeman) e Sam (Kline) o carregam para Las Vegas. Vestidos como o antigo Rat Pack, a turma de Frank Sinatra (que, aliás, protagonizou a primeira versão de “Onze Homens e Um Segredo” em 1960), eles encontram outra cidade, um pouco mais vulgar – justamente aquela retratada em “Se Beber, Não Case”.

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COMO SINATRA
Trajado a rigor, Robert De Niro interpreta um viúvo que se decepciona
com a Las Vegas vulgar de hoje: despedida de solteiro setentona

Entre piadas sobre incontinência urinária e Viagra, eles confundem drag queens com mulheres, e prostitutas de luxo com moças de família em festas movidas a uísque com energético. A ressaca, agora, é moral. Perguntado sobre como se sentia fazendo um personagem que não esconde a idade real, Morgan Freeman tirou sarro: “Ora, é assim que nós quatro estamos.” Na mesma ocasião, comentou que ao ler roteiros com personagens mais velhos sempre se surpreende quando nas filmagens eles são interpretados por atores mais jovens. Uma consulta aos seus próximos filmes mostra o previsível: Freeman reprisará os seus papéis nas sequências de “Winter, o Golfinho” e “Invasão à Casa Branca”. De Niro, que será novamente boxeador (agora veterano) em “Ajuste de Contas” (estreia em janeiro), também não escapa do mafioso de cabelos brancos. Do seu lado, Douglas vai repetir a impostura como empresário ambicioso. Se isso é o que os estúdios reservam à sua prata da casa, não surpreende que muitos deles migrem para as séries, hoje bem mais desafiadoras em termos de atuação e personagens.

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Fotos: Divulgação