Conheça, em vídeo, os motivos que levaram o grupo a realizar a manifestação:

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O motivo que levou a brasileira Ana Paula Alminhana Maciel, 31 anos, à prisão, em São Petersburgo, na Rússia, estava estampado em um improvisado cartaz que ela carregava quando deixou o cárcere, na quarta-feira 20: “Salve o Ártico”. Mesmo após 63 dias na cadeia, a bióloga gaúcha não desistiu da luta em prol do meio ambiente e segue firme com a ONG internacional Greenpeace. Ela e outros 29 ativistas foram presos, acusados de vandalismo e pirataria, em um protesto numa plataforma de petróleo no Oceano Ártico.

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MILITANTE
Na saída, ela carregava um cartaz improvisado com mensagem para salvar o Ártico

A brasileira foi a primeira a ser liberada após o pagamento de uma fiança de R$ 138 mil, pela ONG, e, assim, responderá em liberdade às acusações. Segundo a irmã, Telma Alminhana, Ana Paula ficou feliz ao ouvir, da advogada Valentina Frolova, que estava “mais famosa que o Pelé”. Certamente, utilizará seus minutos de fama para pedir mais responsabilidade com o meio ambiente, pois até na prisão ela manteve o ativismo. Por cartas à família, que foram divulgadas, ela transmitiu suas mensagens: “Separem o lixo, reciclem, consertem o que quebrar em vez de comprar outro. Apaguem as luzes ao não usá-las, procurem produtos com menos embalagem, usem mais as pernas e menos os carros”, escreveu. Ana Paula tornou o ativismo ambiental seu projeto de vida. Entrou para o Greenpeace em 2006 e já defendeu várias causas em navios da ONG, tanto no Brasil quanto no Exterior.

Em nenhum momento Ana Paula demonstrou cansaço, segundo familiares. “Mas ela ficou assustada com o que aconteceu e disse, em uma das cartas, que continuará no Greenpeace, mas quer dar um tempo nas ações em campo”, contou Telma. Também não se queixou das regras rígidas da prisão nos dois telefonemas que pôde dar. Nos primeiros dias, ficou sozinha em uma cela de 10 m², em Murmansk, no extremo norte do país. Tinha permissão para passear por uma hora no pátio com outras detentas e só podia tomar banho a cada dois dias. A embaixada brasileira na Rússia enviou livros para a bióloga, entre eles, “Dom Casmurro”, de Machado de Assis, o que ajudou a tornar menos solitários os dias da ativista.

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Agora, nem a ONG nem o governo brasileiro sabem como o processo contra ela vai se desenrolar. Se for condenada, poderá pegar até 20 anos de reclusão. Por enquanto, Ana Paula se recupera na casa de sua advogada e passa por uma bateria de exames médicos e psicológicos. A mãe dela, Rosângela Alminhana, embarca esta semana para encontrá-la na Rússia. “Ela é um exemplo, uma mulher determinada e destemida”, diz a orgulhosa mãe. 

Foto: Reuters/Alexander Demianchuk