Não importa quanto tempo passe, não importa quantas gerações se sucedam. O fato é que no Brasil há músicas tão boas que se registra um fenômeno: independentemente de idade, se alguém numa roda de bar começar a cantar, por exemplo, “meu coração/não sei por quê/bate feliz/quando te vê…”, o colega ao lado vai também recordar de um trecho da letra, e assim por diante. Lembrou-se aqui de “Carinhoso”, de Pixinguinha. Situação idêntica, no entanto, se repete com algumas letras de Delcio Carvalho, entre elas “sonho meu, sonho meu/vai buscar quem mora longe/sonho meu…”, ou, então, “acreditar, eu não/recomeçar, jamais…”. Essas duas composições foram feitas em parceria com Dona Ivone Lara, mas Delcio Carvalho também compôs clássicos do morro com Noca da Portela e Ivor Lancellotti. Fica assim demonstrado o quanto o samba perdeu (e nós perdemos) na semana passada com a morte de Delcio, 74 anos, integrante da ala de compositores da Imperatriz Leopoldinense.


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