Confira, em vídeo, trechos de produções que estão em cartaz e que serão lançadas em breve:

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Filmes de horror, com seus enredos amedrontadores e por vezes repulsivos, nunca foram a menina dos olhos no meio cinematográfico. Um mestre do gênero como Alfred Hitchcock teve os hoje clássicos “Psicose” e “Os Pássaros” sintomaticamente esnobados nas festas do Oscar. Da imensa lista de filmes arrepiantes com a chancela de grandes diretores, apenas “O Silêncio dos Inocentes”, de Jonathan Demme, ganhou a estatueta de melhor filme na história do prêmio. Fala-se aqui de uma safra de atestada qualidade. Quando tais produções vêm assinadas por cineastas pouco conhecidos e com orçamentos médios – para não dizer insignificantes –, atores famosos fogem dos papéis habituais de loucos, possuídos ou paranormais como o diabo se escondia da cruz. Mas o cenário está mudando. Com estreia marcada para a sexta-feira 22, “Sobrenatural: Capítulo 2” (produção de US$ 5 milhões) traz a atriz Rose Byrne, conhecida por “X-Men – Primeira Classe”, como a matriarca de uma família assombrada por fantasmas. Um pouco mais cara (US$ 30 milhões), a refilmagem de “Carrie, a Estranha”, com lançamento previsto para o dia 6 de dezembro, vem com um atrativo maior: a classuda Julianne Moore no papel da mãe da garota paranormal.

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Atores que chamam público marcam ainda três sucessos baratos em cartaz. Em “Uma Noite de Crime”, Ethan Hawke vive um pai que protege os filhos numa noite de massacre liberada pelo governo americano. Custou US$ 3 milhões e faturou US$ 87 milhões. Nos cinemas desde setembro, “Silent Hill – A Revelação”, com Adelaide Clemens no papel de uma garota perseguida por forças demoníacas, triplicou seu custo de US$ 20 milhões. Mais bem-sucedido ainda, em “Invocação do Mal”, dois especialistas em paranormalidade, interpretador por Vera Farmiga e Pratick Wilson, são chamados para solucionar estranhos acontecimentos numa fazenda. O orçamento de US$ 19 milhões proporcionou lucros de US$ 300 milhões. “Filmes de horror sempre foram populares. Se algo mudou foi o foco no sobrenatural e não mais na violência crua”, disse à IstoÉ o produtor americano Jason Blum, da BlumHouse Productions, à frente de “Um Dia de Crime”.

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Na contabilidade de executivos e agentes de estrelas, a presença de astros chamativos nessas produções médias não se dá apenas pelo lucro exorbitante que vêm proporcionando: eles têm participação na renda, em vez do cachê tradicional. Ou seja, acabam ganhando mais pela atuação. Tudo isso somado abriu os olhos dos grandes estúdios, que passaram a apoiar esse tipo de filme, antes restrito a empresas independentes. “Sobrenatural : Capítulo 2” tem distribuição da Sony Pictures, cujo poder de fogo fez o filme faturar US$ 87 milhões desde a sua estreia em setembro. Foi o quinto título do gênero a estrear em primeiro lugar nos EUA este ano. Para se ter uma ideia do fenômeno, o filme que deu origem à franquia foi feito com apenas US$ 1,5 milhão e, caminhando com as próprias pernas, fechou o ano de 2010 com US$ 97 milhões. “Uma Noite de Crime” teve participação da Universal Pictures. “O segredo é contar boas histórias. Sem isso os sustos não funcionam”, diz Blum.

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Ainda assim, a corrida em busca de sucessos instantâneos registra quatro lançamentos do gênero em janeiro, inclusive o episódio 5 de “Atividade Paranormal”, que começou na produtora nanica BlumHouse em 2007, ao custo de US$ 15 mil, e hoje é uma série de US$ 720 milhões. Segundo a distribuidora Playarte, que sempre investe no segmento e lança em janeiro “Frankenstein”, com Aaron Eckhart, séries de terror como “Walking Dead” (exibida em 133 países, inclusive o Iêmen) deram um empurrão. Outro impulso vem dos games, na origem de “Silent Hill”. Mas a nova onda de terror traz dados novos. Um deles é a ampliação do público, que inclui agora o feminino (ele bateu o masculino em filmes como “Sobrenatural: Capítulo 2” e “Invocação do Mal”, segundo o instituto americano CinemaScore). Outro seria a aversão desse mesmo público à pirataria: a ida ao cinema faria parte do ritual do medo. Um dos novos representantes do gênero no Brasil, o capixaba Rodrigo Aragão, que lança seu terceiro filme, “Mar Negro” no dia 27 de dezembro, concorda. “Horror encerra uma catarse coletiva. O grupo potencializa a história, gosta de sentir pavor junto.”

Fotos: Divulgação