Skatistas de carteirinha e iniciantes no esporte resolveram deixar um pouco de lado os tombos e os arranhões. Em vez de joelhos ralados e ossos quebrados, o máximo que podem ter agora é uma leve tendinite. A nova mania são as manobras radicais com os fingerboards ou skates de dedo, miniaturas perfeitas do skate normal. Fellipe Vasconcelos de Oliveira, 13 anos, por exemplo, se encantou quando viu um amigo fazendo manobras com a miniatura no colégio Mackenzie, em São Paulo. “Cheguei a montar um com Lego, mas não dava efeitos”, conta ele. O jeito foi azucrinar o pai, o técnico de informática Ayres de Oliveira, até comprar o miniskate nas Grandes Galerias do centro da capital paulista, reduto de roqueiros e skatistas, primeiro lugar a oferecer o produto importado no Brasil. Agora, a mania se espalhou. “Atendemos pedidos de Minas, Rio e do Nordeste. Este mês já vendemos 150”, informa Marcos Kichimoto, gerente da Maze Skate Shop.
 

A diferença da nova modalidade do esporte é que a agilidade e a força são transferidas dos pés para os dedos indicadores e médio. E a maior vantagem é que proporciona diversão com risco mínimo em qualquer espaço. Na mesa do café, na borda do fogão, no alto da geladeira, no corrimão da escada. Um pouco de imaginação e até uma caixa de sapatos vira uma pista de obstáculos e manobras. A empolgação é tanta que será realizado o 1º Campeonato Brasileiro de Fingerboard. À frente da organização está o vendedor Renato Januário, 22 anos, um dos primeiros no Brasil a praticar o skate de dedo. De bermuda pelos joelhos, tatuagem nas pernas, boné, cara e jeito de eterno skatista, ele conta que viu os miniskates pela primeira vez num vídeo americano. “Como não tinha aqui, treinava com um skate de chaveiro, depois comecei a inventar. Fazia com pedaço de régua, rodas de carrinhos e durepóxi”, diz Renato.
 

O vídeo a que Renato se refere é o Finger of Fury (R$ 40 na Maze Skate Shop), que ensina manobras e conta a história de quatro rapazes, um canadense, um americano e dois franceses, fissurados em skate de dedo. Os franceses contam que brincavam com os miniskates para descansar do skate. O hobby do hobby virou uma empresa de minirrampas. Renato se inspirou. Juntou-se ao pai e abriu a marcenaria Tree Six para produzir as minipistas. “Já estamos produzindo umas 300 por mês”, entusiasma-se. Em São Paulo, para alegria de adolescentes fissurados e de pais arrepiados com as manobras arriscadas dos filhos, os fingerboards já chegaram aos shoppings. Além de decalques embaixo da pequena prancha e lixa por cima, as miniaturas vêm com um kit com quatro rodas para reposição, um amortecedor, quatro parafusos e duas chaves de fenda. Tudo míni. Os mais baratos custam entre R$ 10 e R$ 15, mas o preço dos “profissionais” – produzidos com o mesmo material dos skates, como o da empresa americana Shorty’s – pode chegar a R$ 50.


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