Fincado nos confins do Estado do Maine, no extremo Norte dos Estados Unidos, o orfanato St. Cloud’s mostrado no filme Regras da vida (The cider house rules, Estados Unidos, 1999) – candidato a sete Oscar, em cartaz nacional a partir da sexta-feira 3 –, parece uma ilha de felicidade em plena preparação para a Segunda Guerra. Não poderia ser diferente. À frente do lugar está o adorável doutor Wilbur Larch (Michael Caine, indicado ao prêmio de melhor ator coadjuvante), aquele tipo de pai que todas as crianças rejeitadas gostariam de ter. Para divertir os pequenos, Larch costuma promover sessões de cinema. O filme é sempre o mesmo, King Kong, mas a criançada nunca reclama. Na hora de fazê-las dormir, o velho médico, que entre outras excentricidades é viciado em éter, também costuma ler passagens do livro David Copperfield, de Charles Dickens. E no mesmo tom, desligada a luz do aposento coletivo, ele repete sua clássica despedida noturna, enquanto fecha a porta: “Boa noite, reis do Maine, boa noite, príncipes da Nova Inglaterra.”
 

Larch é uma figura e Michael Caine o defende com a classe costumeira. Num arroubo de ironia, o personagem batiza um recém-nascido de Homer, em homenagem ao grego Homero, de A odisséia. Talvez pelo peso do nome, ninguém quis adotá-lo. Homer (Tobey Maguire) vira então o “filho mais velho” do médico, que lhe ensina tudo da profissão, inclusive a praticar sua atividade oculta, o aborto. O diretor sueco Lasse Hallstrom, de Minha vida de cachorro, narra com graça o cotidiano de St. Cloud’s e o relacionamento afetuoso entre Larch e Homer. Erra a mão, no entanto, quando a ação se transfere para uma fazenda de plantação de maçãs, local para onde Homer muda numa odisséia em direção à maturidade. É uma pena.

Falsa Magia
À espera de um milagre mistura drama e horror

Tephen King considera Frank Darabont um dos diretores que melhor transpõem seus romances para as telas. No caso de À espera de um milagre (The green mile, Estados Unidos, 1999) – estréia nacional prometida para a sexta-feira 3 –, uma extravagância de três horas, que concorre a quatro Oscar, misturando drama penitenciário com horror paranormal, a rasgação de seda nada vale.

Passado nos anos da depressão americana, o enredo mostra numa prisão o encontro do correto carcereiro Paul Edgecomb (Tom Hanks) com o condenado à cadeira elétrica John Coffey (Michael Clarke Duncan, indicado ao Oscar de melhor ator coadjuvante). Acusado de violentar e matar duas garotas gêmeas, Coffey tem o dom de praticar estranhas curas e milagres, ganhando assim a simpatia do policial. Enquanto o filme se detém em mostrar as brigas de Edgecomb com prisioneiros debochados e policiais sádicos a atenção do espectador é recompensada. O problema aparece justamente quando o milagreiro Coffey começa a sugar o mal das pessoas e em seguida vomitar nuvens de pequenas moscas.

Mickey digital
Roedor é atração de O pequeno Stuart Little

Cartaz nacional a partir da sexta-feira 3, O pequeno Stuart Little (Stuart Little, Estados Unidos, 1999) tem tudo para se destacar na fauna renovada de Hollywood. Nos Estados Unidos, as aventuras do roedor adotado por uma família para fazer companhia ao filho único, renderam até agora US$ 130 milhões. Na versão brasileira, sua voz é de Rodrigo Santoro. Miguel Falabella faz a do gato Snowbell, o vilão desta história para todas as idades.