As adolescentes andam com a cabeça cheia. Primeiro foram as presilhas coloridas e multiformes. Agora, aderiram a redinhas, lencinhos, faixas e chapéus de crochê. A nova moda nada mais é do que respingo da onda new hippie que cobriu de charme o verão europeu do ano passado. No balcão das lojas, no entanto, a meninada expressa outra referência, muito mais próxima do seu dia-a-dia ávido de novidades. Elas querem “o lencinho da Giuliana”, a italianinha apaixonada vivida pela atriz Ana Paula Arósio na novela global Terra Nostra. Na vida real, o acessório de pano ganhou a delicadeza do crochê e a praticidade das tiaras.
Os adornos que invadem os shoppings centers, barzinhos e pontos de badalação fazem o estilo hippie chique com ar de romance campestre. “Adoro usar coisas no cabelo”, afirma a universitária Renata Lemos Laluce, 20 anos. Ela tem três tiaras com redinhas para desfilar. “As que vêm com a tiara são melhores porque fixam mais e não preciso amarrar embaixo do cabelo”, explica. Foi a versatilidade do acessório que conquistou Tycianni Bassan Marques, 20 anos. “Combina com calças no meio da canela, jeans bordados justinhos ou de boca larga.”
 

As redes de crochê são um avanço dos lenços de tecido com estampas de bolinhas, bichinhos e florzinhas que chegaram às praias brasileiras no início do verão. Logo que viu as cariocas com a cabeça decorada, a estudante Aline Rocha, 18 anos, moradora de Angra dos Reis, aderiu à moda, mas com um toque pessoal. Passou a tesoura em suas cangas e costurou ela mesma três conjuntos de lenço para o cabelo e as bolsas. “Os acessórios ajudam a deixar o cabelo sempre arrumado.

Além disso, posso usá-los tanto de manhã quanto à noite”, conta Aline. Agora, ela resolveu trocar os lencinhos pelas tiaras de crochê.

Feito pão quente – O preço das novidades varia muito. Em shoppings do Rio e de São Paulo, as tiaras com rede podem custar de R$ 5 a R$ 15, lenços, de R$ 10 a R$ 25, e faixas, R$ 5. Nos centros de comércio popular, como o Saara, no centro do Rio, ou a rua 25 de Março, em São Paulo, claro, os preços são bem mais acessíveis. Tiaras custam cerca de R$ 3 e faixas, R$ 2. Vende feito pão quente. Só de tiarinhas, a loja carioca Jade, por exemplo, vendeu quase duas mil peças nas últimas duas semanas. O crochê é um clássico e agrada a muitas gerações. “Até mulheres adultas têm aderido à nova onda”, atesta Renata Keli da Silva, 20 anos, gerente da Great Story, loja de acessórios do shopping paulista Pátio Higienópolis.
 

Para as adeptas com mais de 30 anos, as redes de crochê têm um gosto de nostalgia. “Junto com os bordados, tachinhas e as estampas psicodélicas da onda hippie, até os homens usavam gravatas estreitinhas de crochê”, lembra a professora Cirse Bernardes de Andrade, da Faculdade de Moda Santa Marcelina, de São Paulo. As cabeças masculinas não aderiram à trama. Ainda.