Uma gafe ideológica constrange o governador gaúcho Olívio Dutra (PT). Um dos cargos de confiança da polícia é ocupado por antigo espião do regime militar, José Luís Savi, alçado no governo petista à função de vice-presidente do Conselho Estadual de Polícia, órgão que apura crimes praticados por agentes da corporação. O secretário de Justiça e Segurança, José Paulo Bisol, mantém Savi no cargo, apesar de mais de seis mil fax e e-mails de protesto que pousaram na mesa do governador – um ex-sindicalista -, enviados por sindicatos de trabalhadores e entidades de direitos humanos. Segundo Bisol, não há prova do envolvimento de Savi em tortura ou perseguição.

Savi era o que se pode chamar dedo-duro e atuava no Serviço Central de Informações (SCI) em 1964. O órgão era clandestino e só passou a existir oficialmente em 1967. Integrado ao quadro de servidores, Savi pediu a incorporação do período de free-lancer ao tempo de serviço. No requerimento de número 31.391/80, ele informou que ganhava como autônomo 200 cruzeiros mensais e não lhe era dado recibo, porque a atividade era de "natureza reservada" e a verba, "secreta". Na falta de prova material, invocou o testemunho de colegas, como o coronel Átila Rorhsetzer, envolvido no sequestro em Porto Alegre dos uruguaios Lilian Celiberti e Universindo Diaz, em 1978.

No PT gaúcho, o deslize está sendo atribuído a Bisol (sem partido, no momento), que se negou a dar entrevista a ISTOÉ, mas divulgou um arrazoado de cinco páginas para justificar o perdão a Savi, contendo pérolas como "equívoco atitudinal do passado" (referência ao comportamento de Savi nos anos de chumbo).

Errata

O Instituto Brasmarket cometeu um erro de revisão no comentário sobre o quadro eleitoral de Porto Alegre, publicado no encarte especial que circula apenas nos Estados do Rio Grande do Sul e do Paraná. Ao contrário do publicado, o prefeito Raul Pont (PT) se reelegeria, provavelmente no primeiro turno. Contudo, Pont não é o nome mais forte entre os postulantes do PT. Segundo a pesquisa, o ex-prefeito Tarso Genro aparece com 40% das intenções de voto, Pont tem 11,8% e o ex-deputado José Fortunatti, 2,7%. O equívoco foi não ter somado as porcentagens dos três petistas.