Acabou o namoro
Com a morte de Luís Eduardo Magalhães, Fernando Henrique despencou-se de uma visita oficial ao rei de Espanha e desembarcou em Salvador para solidarizar-se com o pai do deputado, o senador Antônio Carlos Magalhães. O episódio limou as arestas antes existente entre FHC e ACM, estabelecendo uma aproximação perigosa entre os dois. ACM é um animal político do tipo ávido por preencher os vazios de poder que as circunstâncias lhe apresentem. Com isso, dominou a cena governista de tal forma que acabou agredindo a autoridade do próprio FHC. Tornou-se o centro das principais crises políticas do governo e um dos maiores responsáveis pela queda de popularidade do presidente. Aconselhado por tucanos como Mário Covas, FHC decidiu que é hora de mudar. Não quer mais deixar as bravatas de ACM sem resposta. Se vai conseguir, só o futuro dirá. Mas o presidente informou aos assessores: inaugurou o novo estilo respondendo do Peru quando o cacique baiano pintou-se de pai dos pobres com a idéia de mais um imposto.

 

Cabeça a prêmio
O novo secretário de Desenvolvimento Urbano, Ovídio de Ângelis, desencadeou uma guerra no seu partido, o PMDB. Ele deixou o comando da Secretaria de Desenvolvimento Regional empenhando para seu Estado, Goiás, quase toda a verba que sobrava no órgão. A antiga secretaria transformou-se no Ministério da Integração Nacional e acabou entregue a outro peemedebista, Fernando Bezerra, que está tiririca da vida. Ovídio também irritou os governadores e toda a cúpula do PMDB, que já avisaram ao presidente: pode demiti-lo que será bem-feito.

 

Dupla do barulho
Mesmo tendo ampliado sua influência no governo, ACM não gostou nem um pouco da pose de independência de Fernando Henrique na reforma ministerial. A expectativa no Planalto é de que o cacique baiano não passe recibo e continue dando uma de aliado do governo. Mas, por baixo do pano, dará o troco aproveitando-se da insatisfação do presidente do PMDB, Jader Barbalho, com a maneira como FHC mexeu na equipe. Jader, aliás, é a grande incógnita no Palácio. Ninguém sabe o que ele vai fazer da CPI dos Bancos.

O placar da corrupção
Transparência, Consciência e Cidadania é o nome de uma ONG brasileira filiada à Transparency International. Acaba de concluir um levantamento sobre o que chama de "Ocorrências de corrupção e outras práticas nocivas à probidade pública" no Brasil, durante o primeiro trimestre do ano. Entre casos como o Dossiê Cayman, empréstimos do Banco do Brasil para a Encol, uso indevido de aviões da FAB e a máfia dos fiscais em São Paulo, catalogou 74 ocorrências. A maioria dos casos, 26, no governo federal.

   R Á P I D A S

– Com Aloysio Nunes Ferreira e Moreira Franco no Palácio, só falta um nome para que todo o grupo de amigos de Luís Eduardo Magalhães entre no governo: o do deputado Roberto Brant (PFL-MG).

– De Jader Barbalho para um colega de PMDB. Ele aposta que FHC fritará todos os integrantes do partido no governo. Primeiro Ovídio, depois Fernando Bezerra e, mais à frente, Eliseu Padilha.

 

 

 

Por Tales Faria – Colaborou Andrei Meireles