Finalmente saiu do forno o novo Ministério de Fernando Henrique Cardoso. No ritmo do presidente, a reforma demorou para ser decidida, pensada e desenhada. E o ritual do anúncio também foi longo e trouxe poucas novidades. Nem mesmo o plantão da Rede Globo transmitiu até o final. Bom para o presidente, que estava menos eloquente e com visível prejuízo na sua grande arma: a propalada sedução. Para a elaboração do prato servido no Palácio do Planalto na tarde da sexta-feira 16, FHC quebrou alguns ovos. Não muitos, é necessário dizer. Seus diletos amigos, Celso Lafer e Bresser Pereira, estavam entre eles.

Antônio Carlos Magalhães não forneceu ingredientes para a omelete presidencial. Aliás, como vinha alardeando o senador baiano. Na quinta-feira 15, perguntado pela Folha de S.Paulo sobre a possibilidade de perder algum de seus dois protegidos, respondeu que "o risco é zero". Acertou na mosca. ACM, que está fora de Brasília (segundo ele, para que não digam que está pressionando o presidente) desde a polêmica sobre a instalação da Ford na Bahia, produziu outra pérola no mesmo jornal: "Se Getúlio ficou em São Borja, por que eu não posso ficar em Porto Seguro?"

Com olhos gulosos em 2002, o senador baiano conseguiu aumentar ainda mais seu poder. Além de manter os seus rapazes nos Ministérios das Minas e Energia e da Previdência Social, ele ganha também com a indicação de Pedro Parente para a Casa Civil e Aloysio Nunes Ferreira para a Secretaria-Geral da Presidência.