Num reforço de talentos que não parece ser mera coincidência, a Rede Globo deslocou para o horário das 18 horas uma parte de sua elite dramatúrgica, geralmente reservada para a faixa nobre. Em “Joia Rara”, em exibição desde a segunda-feira, alternam-se nos papéis principais atores como Marcos Caruso, Luiz Gustavo, Letícia Spiller, Carolina Dieckmann e Bruno Gagliasso, estreando como protagonista.

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NAS ALTURAS
Bruno Gagliasso, Mel Maia, Bianca Bin e
Caio Blat no Nepal: budismo e investimento

A estratégia se confirma na ficha técnica, que traz Ricardo Waddington na direção de núcleo, Amora Mautner no comando geral e Ana Maria Magalhães na produção de arte, tripé responsável pelo sucesso de “Avenida Brasil”. Dois ícones daquela trama, a atriz mirim Mel Maia e José de Abreu, também se destacam no novo elenco: ela como Pérola, a reencarnação de um líder budista, e Abreu como o aristocrático Ernest Hauser, tão rico quanto malvado. “Nunca se investiu tanto numa novela do horário das seis”, disse Abreu à ISTOÉ. “É mais difícil de fazer do que uma produção comum”, complementou, referindo-se ao extremo zelo em relação à luz e ao figurino.

As cenas de abertura, gravadas no Nepal, na Ásia, com locações em ruínas e enquadrando centenas de figurantes locais, mostraram que o investimento está sendo alto para os 200 capítulos previstos. “Isso demonstra o interesse da emissora em reforçar a audiência nesse horário. O elenco, a direção e as filmagens no Exterior são peculiares da faixa mais nobre”, afirma o especialista em programação de tevê Dirceu Lemos, professor de rádio e tevê da Faculdade de Belas Artes de São Paulo. O resultado já se faz notar. De fato, a audiência do primeiro capítulo foi melhor (21 pontos, segundo o Ibope na Grande São Paulo) do que a das duas antecessoras (“Flor do Caribe” e “Lado a Lado”, ambas com 18 pontos). Mas é o terceiro pior resultado para uma estreia às 18 horas em dez anos, o que confirma a necessidade de se alavancar a audiência no início da noite. “A narrativa estética muito bem elaborada também não é usual. Normalmente, as novelas dessa faixa costumam ser água com açúcar”, avalia a professora de comunicação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Patrícia Iório, especialista em ficção seriada. Crédito para as autoras Thelma Guedes e Duca Rachid, que antes arejaram o horário com a inventiva “Cordel Encantado”.

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