Felipe Massa não tem o que reclamar da Ferrari, a equipe italiana de F1 que dispensou seus serviços para o próximo ano, em anúncio oficial feito na quarta-feira 11. Faz cinco temporadas que o brasileiro vem sendo superado pelos companheiros de escuderia que correm ao seu lado. Massa encerrou a sua participação nos campeonatos compreendidos entre 2009 e 2012 na 11a, 6a (duas vezes) e 7a posições, respectivamente. Seus parceiros terminaram em 6o, 2o, 4o e 2o lugares. Neste ano, enquanto o espanhol Fernando Alonso é vice-líder, o brasileiro amarga a 7a colocação. Infelizmente para o torcedor brasileiro fanático por F1, Massa, aos 32 anos, foi excluído dos planos da mais tradicional equipe do automobilismo mundial sustentando um título nada glorioso. Entre todos os pilotos que um dia sentaram no cockpit da Ferrari, ele é o que mais provas disputou sem ter conquistado uma vitória (leia quadro).

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DESEMPREGADO
Dispensado depois de passar 79 GPs sem vencer, Massa tenta ir para a Lotus

Já se vão 79 grandes prêmios sem subir no lugar mais alto do pódio desde 2008, quando o brasileiro ganhou em Interlagos. Nunca um piloto da Ferrari havia permanecido na equipe depois de ter ficado tanto tempo sem vencer. Agora, Massa corre atrás de uma vaga para 2014. “Quero um carro competitivo para vencer muitas outras corridas e um campeonato mundial, que continua sendo o meu maior sonho”, disse ele, 11 vitórias em 133 GPs disputados pela Ferrari, ao anunciar por redes sociais que não

teria seu contrato renovado. Nos oito anos em que defendeu o time de Maranello, o piloto por pouco não encerra o jejum de títulos do Brasil na competição que já dura 22 anos – Ayrton Senna foi o último a conquistar um campeonato, em 1991. Em 2008, Massa perdeu o campeonato na última curva do GP de Interlagos, quando o inglês Lewis Hamilton fez uma ultrapassagem que lhe assegurou o campeonato.

Agora, o agente de Massa trabalha para colocá-lo na Lotus, de onde sairá o finlandês Kimi Raikkonen rumo à vaga do brasileiro na Ferrari. Caso isso não ocorra, o Brasil pode ficar sem um representante na categoria depois de 44 anos. Bernie Ecclestone, o inglês todo-poderoso que promove o Mundial, porém, estaria articulando para que o fato não se concretize. O motivo: no ano passado, o País desbancou a China e tornou-se o maior mercado da F1 ao registrar uma audiência para a categoria de 85,55 milhões de espectadores. Não há como negar que Massa não é nem sombra daquele que um dia teve status de piloto principal da equipe italiana. Depois do vice-campeonato em 2008, ele vinha com bom desempenho em 2009. Em julho porém, nos treinos para o GP da Hungria, uma mola se desprendeu do carro da Brawn de Rubens Barrichello e atingiu a cabeça do ferrarista, que fraturou o crânio e sofreu lesão cerebral.

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A essa infelicidade é, costumeiramente, atribuída a queda de rendimento de Massa. Mas não se deve esquecer que o brasileiro é um piloto de estilo agressivo. Até o acidente, ele se beneficiava do fato de poder acelerar o tempo inteiro, já que naquela F1 havia reabastecimento e duas trocas de pneus, que não se desgastavam tanto. Quando ele se recuperou e voltou às pistas, em 2010, a categoria era outra, sem reabastecimento e pneus mais estreitos e frágeis. Massa não se adaptou bem. Para Luís Fernando Ramos, o Ico, especialista em automobilismo do Grupo Bandeirantes de rádio e do diário “Lance!”, a competição, hoje, é uma mistura de velocidade com resistência. “O Massa é veloz, mas não tem uma grande visão de corrida. E essas provas de administração de pneus pedem isso”, diz ele.

Correndo ao lado de Alonso, Massa foi engolido pelo bicampeão espanhol, considerado o melhor do mundo na pista e, fora dela, um politiqueiro de primeira linha. Ao abrir passagem ao parceiro cumprindo uma ordem da Ferrari e ceder uma vitória certa no GP da Alemanha, em 2010, o brasileiro deixou claro que havia descido de patamar, assumindo o posto de coadjuvante. Daí para a degola foi uma questão de tempo. 

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