Com mais de seis meses de atraso, o presidente da República ganhou um retrato novo. A foto oficial antiga, a do primeiro mandato de Fernando Henrique Cardoso, foi pendurada na parede do corredor que leva a seu gabinete, no Palácio do Planalto, ao lado dos retratos de seus antecessores. E, como se o governo estivesse começando agora, a foto nova, de excelente qualidade diga-se de passagem, começa a ser distribuída para Ministérios e demais órgãos públicos.

E de retrato novo FHC começou a semana esbanjando autoridade. Como em início de governo. Depois de afirmar que sua tolerância havia chegado ao limite, referindo-se à brigalhada que envolveu a base aliada na semana anterior, ele demitiu a diretoria do Banespa, que espertamente entrou na Justiça para se livrar da CPMF. Na quinta-feira 24, mirou a medalhinha do empresariado paulista que, pela voz de Paulo Cunha, criticou pesadamente o governo e disparou o troco, espinafrando as "oligarquias industriais e financeiras". Para arrematar, desautorizou o seu ministro da Educação, que ousou falar em reforma ministerial. O presidente encerrou a semana alardeando que os números do desemprego de maio são menores do que os do mesmo mês do ano passado.

Mas não há o que comemorar. Os números divulgados, por exemplo, pela Fundação Seade e pelo Dieese, que não receberam a nova foto do presidente, mostram que em São Paulo no mês de maio deste ano o desemprego piorou: 20,3% agora contra 18,9% em maio de 1998. Os números permanecem estáveis em relação a abril deste ano. Não pioraram nem melhoraram. São 1.822.000 desempregados. Um pouco menos que a população inteira do Kosovo, antes da guerra. Aplaudir seria como uma comemoração, na qual o doente permanece com febre de 40 graus.