Nada de criar fama e deitar na cama. Pelo menos é assim que pensam Marisa Monte e Ivo Meirelles. Em vez de simplesmente se refestelarem nos louros de suas carreiras, os dois arregaçaram as mangas e decidiram criar seus próprios selos fonográficos. Marisa ensaia a nova empreitada desde 1992, quando começou a co-produzir seus discos a partir do álbum Mais. Oito anos depois, a cantora e compositora carioca concretizou um antigo desejo e está lançando o selo Phonomotor. O álbum de estréia, produzido por ela, chama-se Tudo azul, tem distribuição pela EMI e foi gravado pela Velha-Guarda da Portela. Traz 18 sambas antigos, muitos deles inéditos, pinçados de um total de 250 composições, material suficiente para muitos outros discos que a recém-empresária não descarta. Tudo azul chega às lojas no dia 18 e terá shows de lançamento, com participação de Marisa Monte, na sexta-feira 11 e no sábado 12, no Canecão, Rio Janeiro, e nos dias 23 e 24, no Palace, em São Paulo.

A ligação da cantora com a Portela, uma das escolas de samba mais tradicionais do Rio, data do berço. Seu pai era dirigente da agremiação e muitos dos compositores frequentavam sua casa. “Pensei em fazer este CD no momento em que quis ouvir a Velha-Guarda da Portela e não encontrei nada”, conta Marisa, lembrando que o grupo de bambas de Madureira tem o mesmo poten-cial internacional dos cubanos do show e disco Buena vista social club, que virou cult depois do premiado documentário homônimo, dirigido pelo alemão Wim Wenders. O segundo CD do selo Phonomotor será o próximo álbum da própria Marisa, previsto para ser lançado entre abril e maio. “O selo significa independência, poder viabilizar trabalhos sem ter de passar pela direção artística da gravadora. Eu sou o departamento artístico do meu selo”, brinca ela.

Pensando em dar espaço a novos talentos ou nem tão novos assim como fez Marisa Monte, o cantor e compositor carioca Ivo Meirelles está trilhando o mesmo caminho no seu selo Do Morro Produções, em sociedade com o empresário Luís Marino Filho. “Há muita gente bacana que não consegue gravar, porque as gravadoras só contratam quem tem um trabalho pronto”, diz Meirelles. O criador do grupo Funk’n Lata ainda negocia a distribuição do selo com a gravadora Warner, mas já começou a pôr a mão na massa. Do Morro Produções está com quatro álbuns prestes a saírem do forno. São os projetos Bossa pop e Soul Brasil, o novo CD do Funk’n Lata e um disco-solo de Meirelles. A previsão é que cheguem às lojas até maio.